REFLEXÃO DA CONSAGRAÇÃO A NOSSA SENHORA DE FÁTIMA
“O Espírito do Senhor está sobre mim, porque Ele me ungiu para anunciar a boa nova aos pobres. Enviou-me a proclamar a redenção aos cativos e a vista aos cegos, a restituir a liberdade aos oprimidos, a proclamar o ano da graça do Senhor”. (Lucas 4, 16-21)
Caros missionários, familiares e amigos, a nossa peregrinação deste ano é especial, porque vivemos tempos especiais.
A Peregrinação da Família Consolata a Fátima começou logo depois da beatificação do nosso fundador, José Allamano, e hoje, temos um motivo especial, que é pedir a graça de um feliz desfecho para o processo da sua canonização.
Continuamos a viver um tempo difícil, um período marcado pela angústia de quem vive sozinho, de quem sofre e de quem perdeu familiares e amigos. O vírus apanhou o nosso mundo impreparado e impôs uma mudança nos nossos programas de vida. Mesmo assim, temos que manter a esperança viva. É neste contexto que somos chamados a ser verdadeiros missionários. “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque Ele me ungiu para anunciar a boa nova aos pobres. Enviou-me a proclamar a redenção aos cativos e a vista aos cegos, a restituir a liberdade aos oprimidos, a proclamar o ano da graça do Senhor”. Escutámos a missão de Jesus. Ele proclama e vive. Faz uma opção preferencial pelos pobres, os marginalizados, os doentes, os cegos, os oprimidos, todos os que sofrem. Desenvolve a sua missão nas periferias. Assim deve ser a nossa missão: Ouvir os gritos dos marginalizados e do nosso planeta gravemente doente. O convite de Jesus é bem claro: Escutar a boa nova, anunciar a boa nova, proclamar a redenção aos cativos e proclamar o ano da graça do Senhor.
São Paulo, grande missionário, também nos ensina com o seu exemplo e as suas palavras: “Porque, se eu anuncio o Evangelho, não é para mim motivo de glória, é antes uma obrigação que me foi imposta: ai de mim, se eu não evangelizar! Fiz-me fraco com os fracos, para ganhar os fracos. Fiz-me tudo para todos, para salvar alguns a qualquer custo. E tudo faço por causa do Evangelho, para dele me tornar participante.” (1ª carta aos Coríntios, capítulo 9).
O tempo que estamos a viver faz-me lembrar os momentos iniciais do nosso Instituto, e as palavras de conforto e encorajamento do cardeal de Turim Agostino Richelmy a José Allamano, no início do século 20. Allamano, com uma doença gravíssima, quase a morrer, sem capacidades físicas, mas com uma grande força espiritual, não perdeu o entusiamo, não perdeu o zelo missionário, não perdeu a esperança. A história recorda-nos os quatro primeiros missionários da Consolata, nos primeiros anos de missão no Quénia, com todas as dificuldades culturais, doenças tropicais, distanciamento das famílias e amigos, confinados noutro mundo… Mas não perderam o ardor missionário, não perderam a vontade de anunciar a boa nova aos marginalizados do Quénia.
“Nesta situação complexa e complicada há uma enorme necessidade de se deixar iluminar pelo Evangelho a fim de colaborar na construção de um futuro diferente. Como missionários, temos uma grande responsabilidade a todos os níveis. Devemos cultivar o sentido da esperança, que nos torna capazes de pensar e caminhar para um futuro que ainda não existe”, escreveu o Superior Geral dos Missionários da Consolata, padre Stefano Camerlengo, na sua mensagem para esta festa que celebramos.
Caros amigos, Jesus nunca abandona os seus. Caminha connosco, sofre connosco, tal como vamos continuar a meditar neste tempo quaresmal, rezando, jejuando e praticando a caridade. Jesus é o motivo da nossa esperança. É esta grande esperança em todos os momentos que nos dá coragem motivando-nos a agir. Continuamos a acreditar que, “andrà tutto bene” (vai ficar tudo bem). E, como disse o Papa Francisco neste santuário, na celebração do centenário das aparições: “Temos mãe, temos mãe! Agarrados a Ela como filhos, vivamos da esperança que assenta em Jesus (…). Seja esta esperança a alavanca da vida de todos nós! Uma esperança que nos sustente sempre, até ao último suspiro!”.
Que a nossa Mãe interceda sempre por todos nós.
Padre Bernard Obiero, Conselheiro da Região Europa do IMC