O Papa Francisco morreu nesta segunda-feira da oitava de Páscoa, 21 de abril de 2025. Jaime Patias, padre missionário da Consolata brasileiro, que vive em Roma e que se cruzou com Francisco inúmeras vezes, também por ser jornalista, escreve sobre “um líder que fez a diferença”.
O primeiro Papa latino-americano chegou a Roma do “fim do mundo”. Escolheu por nome Francisco, inspirado no “pobrezinho” de Assis. “Como eu gostaria de uma Igreja pobre, para os pobres”, afirmou poucos dias depois de sua eleição em 13 de março de 2013. Trabalhou incansavelmente por uma Igreja “em saída” como “um hospital de campanha” para alcançar e cuidar de todos. Tornou-se o Papa da misericórdia e da compaixão colocando a periferia no centro do mundo. Realizou 47 viagens apostólicas visitando 66 países, o primeiro dos quais o Brasil na JMJ de 2013. Queria estar onde todos estavam.
Deixa a imagem de um grande ser humano, um líder que fez a diferença num mundo necessitado de modelos. Um Papa muito presente e próximo de nós que soube tecer relações entre o seu Pontificado e o povo de Deus. “Rezem por mim”, pedia. Telefonava para diversas pessoas e as surpreendia com seu bom humor. Com Francisco o Papa se fez humano e ao mesmo tempo, um profeta da esperança e da misericórdia.
Tinha no seu coração os principais temas que preocupam a humanidade: os pobres e excluídos; os migrantes e refugiado; o cuidado da Casa Comum com a sua ecologia integral; a paz entre os povos e nações; o diálogo inter-religioso e a comunicação transparente e verdadeira.
No último dia 27 de janeiro, tive a graça de o saudar pessoalmente durante a audiência com os comunicadores participantes do Jubileu do Mundo da Comunicação. Apertei mais uma vez a sua mão e senti o seu calor humano e divino. Olhando nos olhos disse-lhe: “Santo Padre, rezo pelo senhor. Hoje é o meu aniversário, peço a sua bênção!” Francisco sorriu e pediu aos ajudantes um estojo vermelho. Que presente! Era um terço. Quanta emoção e gratidão. “Obrigado Francisco!” Nestes últimos dias, em comunhão com toda a Igreja, rezei muito pela sua saúde. Parecia ter superado a crise. Regressou à Casa Santa Marta. E sem esconder a sua condição de idoso frágil, continuava fazendo surpresas com seus gestos e algumas palavras pronunciadas com certa dificuldade.
Domingo de Páscoa, na sua Mensagem Urbi et Orbi (para a cidade de Roma e para o mundo), Francisco, lembrando das principais guerras, lançou seu último apelo em favor da paz. “Não é possível haver paz sem um verdadeiro desarmamento!” Depois deixou a sua bênção para a Igreja e toda a humanidade. Estava-se a despedir…
Nesta Segunda-feira de Páscoa, 21 de abril 2025, Francisco fez a sua Páscoa na certeza de que a morte não é o fim de tudo. Agora repousa no infinito amor misericordioso do Deus Uno e Trino que tanto amou e serviu.
P. Jaime C. Patias, IMC
Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.
Deixe a sua opinião