O meu sim a Deus

Antony Malila Malwe foi ordenado sacerdote em outubro do ano passado. Natural do Quénia, o missionário da Consolata deixa aqui o seu testemunho de como sentiu o chamamento e como espera exercer o seu ministério sacerdotal
Ser sacerdote é uma resposta a um convite de Deus para servir a sua missão

Estou muito feliz porque foi Cristo que me chamou para fazer a sua vontade. Não porque era o melhor, mas porque Ele queria fazer a Sua vontade através de mim. O sacerdócio sem Cristo não faz sentido, Cristo está no centro do meu chamamento vocacional. Através da Sagrada Escritura e do Corpo de Deus, partilhado na mesa da Eucaristia, Cristo alimenta-nos, ilumina-nos e guia-nos pelo caminho certo. Sou sacerdote, mas sei muito bem que não estou na minha barca, mas sim na barca de Cristo.

O meu chamamento foi diferente dos chamamentos relatados na Bíblia. Temos o chamamento de Samuel, que foi chamado enquanto dormia. O meu chamamento partiu duma experiência como acólito da minha paróquia. O pároco, que era comboniano, era muito simpático. Impelido pelo seu espírito de animação, eu ia todos os domingos de manhã participar no serviço da palavra das crianças, que concluía, sempre, com leite e mel para todos.

Eu ambicionava o estilo de vida daquele padre, e pensava para mim: como é bom ser missionário. Naquele momento, a motivação vocacional era mais material. Mas na escola secundária comecei a perceber que ser sacerdote ia para além do leite e do mel. Ser sacerdote é uma resposta a um convite de Deus para servir a sua missão.

Um dia, visitei um jovem doente que me pediu para chamar um sacerdote para dialogar. Fui chamar o padre, mas durante o caminho interrogava-me porque é que o jovem pediu a mim para chamar o padre, e não falou com os catequistas que o visitavam frequentemente. O padre foi visitar o jovem doente. O que ele queria era confessar-se.

Infelizmente, dois dias depois, faleceu. A notícia da sua morte entristeceu-me fortemente, mas também me deu uma grande coragem. Deu-me coragem para enfrentar seriamente o chamamento que sentia dentro de mim e decidi entrar no seminário. Ser sacerdote para mim significa ser a ponte entre o povo e Deus. Por vezes os jovens perguntam-me se o sacerdote não é um pecador. É claro que é pecador, mas é Cristo que nos chama e nos dá a graça de sermos os seus ministros.

Deus não chama somente o inteligente, chama-nos para sermos os seus braços, os seus olhos, os seus pés, para ir a todo lado realizar a sua missão. Por isso, um sacerdote é chamado a viver com Cristo, em Cristo e para Cristo. Sem Cristo não somos nada. Sozinhos, podemos pescar toda a noite e não ter nada, mas pescando com Cristo podemos ter muito peixe. E a oração é muito importante.

Ser sacerdote missionário, para mim, é deixar tudo e seguir Cristo, é deixar o meu lugar de conforto e servir os pobres, os mais necessitados na nossa sociedade, proclamar o Evangelho. É sair para as periferias, o que nem sempre é fácil. As nossas periferias, às vezes, são pessoas que estão ao nosso lado e precisam da nossa ajuda.

Por vezes, as pessoas que estão ao nosso lado só querem o nosso amor, é por isso que ser missionário é fazer sentir o calor de Cristo aos que necessitam, sem excluir ninguém.
Por tudo isto, não tenhas medo, jovem. Deus chama-te hoje e agora, para fazer a vontade Dele e não a tua. Não penses o que os outros irão dizer porque a tua missão hoje é diferente das outras missões. Deus conhece-te muito bem. Cristo chamou os Apóstolos pelo seu próprio nome e eles deixaram tudo e seguiram-No. Cristo vai guiar-te nos caminhos certos. Por isso neste novo ano decide e segue Cristo com coragem.

 

In FÁTIMA MISSIONÁRIA