Missionários e familiares celebram fraternidade e missão

Cerca de 220 pessoas entre sacerdotes, irmãos e familiares dos Missionários da Consolata (IMC) acorreram esta segunda-feira, 10 de junho, a Fátima para a festa missionária e familiar que ali decorre anualmente

Com inicio marcado para as 10h30 do dia 10 de junho, feriado nacional, decorreu em Fátima o já tradicional encontro anual dos familiares dos missionários da Consolata. A primeira parte do encontro teve lugar no auditório do Centro Missionário Allamano e foi orientada pelo padre Simão Pedro e pelo superior da região portuguesa do IMC padre Eugénio Butti. Após as boas vindas, começaram por justificar algum atraso na chegada de muitos dos participantes, devido à dificuldade do trânsito em Fátima, uma vez que esta iniciativa coincide com a Peregrinação Nacional das Crianças àquela cidade-santuário. Coube, depois, ao superior da comunidade da Consolata em Fátima, padre Jaime Marques, deixar também algumas palavras de boas vindas, remetendo os presentes para a memória dos momentos fundantes da Consolata em Portugal.

De facto, o Jubileu dos 75 anos de presença do IMC em Portugal – que teve o seu pontapé de saída nesta mesma festa, mas no ano passado (10 de junho 2018) -, foi apresentado como um dos pratos principais a saborear neste encontro. E motivos para celebrar não faltavam.

O padre Eugénio testemunhou sobre “a graça de poder ter estado presente” na ordenação episcopal do padre Diamantino, em Moçambique, sagrado bispo de Tete a 12 de maio último. Foi mostrado aos presentes na sala um vídeo (editado pelo padre Manuel Magalhães) dessa celebração que, à boa maneira africana, estava repleta de muita dança e com uma liturgia rica de símbolos; o que justifica que a Eucaristia se tenha estendido por cerca de cinco horas. O documentário continha também algumas imagens da missão atividades da Consolata naquele país africano, assim como algumas fotos que ilustravam a destruição deixada pelo ciclone Idai; uma tragédia que, entretanto, mereceu uma campanha de solidariedade lançada por iniciativa da Consolata em Portugal, e cujos donativos foram entregues em mãos ao bispo Diamantino Antunes.

Em seguida, o padre Simão Pedro apresentou um vídeo produzido pela Agência ECCLESIA, para o programa 70X7, da RTP2, que foi realizado no contexto dos 75 anos. Não se poderá dizer que é o vídeo deste Jubileu, pois foca apenas alguns aspetos da vida, história, presença e atividade missionária do IMC em Portugal.

Zé Martins: um missionário no Canadá
O padre Zé Martins. missionário da Consolata português em missão no Canadá, e que está em Portugal para um período de férias, falou sobre o seu trabalho pastoral na paróquia de Santo André, em Toronto. Uma paróquia com gente “que vem de todo o lado e de todos os continentes”, sobretudo imigrantes oriundos de países pobres da Ásia, África e América Latina. Ali celebram sete missas ao domingo, em quatro línguas. “A minha função é dar consistência a essa comunidade, que é muito diversa e com muitas funções”, explicou. “Outra das minhas funções”, prosseguiu, “é dar consistência ao trabalho do IMC no Canadá”.

A propósito da nomeação episcopal do padre Diamantino Antunes, Zé Martins recordou que foi ele que orientou a semana missionária na paróquia de Albergaria dos Doze, em preparação para a sua ordenação sacerdotal, e brincou dizendo que “se hoje fosse animador missionário em Portugal, e estivesse cá quando o Diamantino foi nomeado bispo pelo Papa Francisco, teria voltado a essa comunidade paroquial e teria dito ao pároco local que se esta paróquia ofereceu um bispo à Igreja, deveria agora oferecer um novo padre à Consolata”. O aplauso dos presentes não se fez esperar.

Este missionário da Consolata de Proença-a-Nova terminou a sua partilha missionária lançando um desafio aos presentes para ajudarem a despertar a nossa Igreja em Portugal: “As nossas igrejas locais estão tão preocupadas consigo mesmas que perdem a capacidade de levantar os olhos. É preciso lembrar que o Papa pede «uma Igreja em Saída»”, concluiu.

Comunicações, Eucaristia e almoço
Antes de terminar esta primeira parte da Festa das Famílias, o padre Eugénio informou os presentes sobre a mudança jurídica e de organização do IMC que está a ocorrer na Europa, com a nomeação de um superior único para as duas regiões atuais (Itália e Portugal) e a delegação Espanha. O superior da nova Região Europa já foi, entretanto, escolhido: o missionário italiano padre Gianni Treglia. Informou ainda que nos próximos dias serão votados os quatro conselheiros que irão compor a equipa e auxiliar o novo superior continental. Noticia ainda para a admissão à ordenação sacerdotal do diácono Eugénio Bento, missionário da Consolata moçambicano que reside atualmente na comunidade de Águas Santas. Será ordenado padre em Moçambique, em agosto próximo.

O encontro prosseguiu com a Eucaristia, celebrada na capela do antigo Seminário da Consolata. Com uma liturgia algo pobre, e que não esteve à altura das circunstancias, esta missa de encerramento foi presidida pelo superior regional e concelebrada por cerca de 25 sacerdotes.

Na homilia, o celebrante centrou-se na memória litúrgica da Bem-aventurada Virgem Maria, Mãe da Igreja, instituída pelo Papa Francisco, e celebrada anualmente na segunda-feira a seguir ao Pentecostes. O padre Eugénio recordou as palavras de Francisco, aquando da sua visita a Fátima, em 2017, por ocasião do Centenário das Aparições, quando imortalizou a expressão, dita com ênfase no altar do recinto: «Temos Mãe!».

Pelas 13h30, o almoço deu oficialmente por concluída uma festa que já é uma tradição em Fátima, celebrada anualmente no mês de junho, mês da festa de Nossa Senhora da Consolata. Um encontro que celebra os laços familiares e missionários à volta de um mesmo carisma, espiritualidade e missão. No entanto, sentiu-se a falta de um apontamento musical que tornasse este momento familiar ainda mais alegre e festivo, e que já foram tradição em anos anteriores: tanto no auditório, como no pós-almoço.

Albino Brás