25 de dezembro de 2023
Is 9, 1-6; Tit 2, 11-14; Lc 2, 1-14
Deus escolheu a terra para sua morada
1. É Natal. “Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens por Ele amados”. É o canto dos anjos nessa noite abençoada em que o Céu baixou à terra. Abre-se o Céu e nessa liturgia celeste dá-se o primeiro anúncio de um mistério que se irá pouco a pouco revelar. Correm os pastores, primeiros missionários dessa notícia que o mundo abalou. Veem, acreditam, contemplam e adoram. Depois anunciam aos outros o que viram e acreditaram. É em miniatura a dinâmica missionária da Igreja, que anuncia o mistério divino entre os homens, portador de paz e glorificador de Deus.
2. Abençoada terra que recebeste a visita do Filho de Deus – O nosso Deus é um Deus que entra na nossa casa. Não ficou na periferia do mundo ou da história, mas entrou na realidade carnal da vida de cada um de nós. O Deus que tudo abrange, e no qual vivemos e existimos, escolheu a terra para sua morada. Essa terra que devemos amar e respeitar. Poderemos nós manchar ou destruir a morada de Deus no meio de nós? E se Deus amou de tal modo esta nossa humanidade que lhe deu o próprio Filho, não devemos nós amar-nos uns aos outros partilhando o que nos for concedido? Só o amor feito dádiva pode transformar o nosso planeta incutindo nas mentes e corações pensamentos e gestos de fraternidade e de paz.
3. “Glória a Deus”, cantam os anjos, porque d’Ele tudo parte e para Ele tudo volta. Glória a Deus, criador e redentor, que na sua imensa bondade se dignou olhar para a nossa terra. Dar glória a Deus, é a primeira mensagem que o mundo recebe. Dá glória a Deus quem vive na sua presença. Dá glória a Deus quem faz a sua vontade. Dá glória a Deus quem ama o seu semelhante. Dá glória a Deus quem no mundo constrói a sua paz.
“Paz na terra aos homens por Ele amados”. Sim, porque o amor de Deus pela humanidade é a primeira semente de paz. Quem se sente amado por Deus não sabe viver sem a sua paz. E quem acolhe o amor de Deus no seu coração torna-se difusor dessa paz. Porque se tornou morada de Deus, a terra não pode ser feliz sem esta paz. Angústias e solidões, guerras e violências são fruto da falta de Deus, que é portador de paz.
4. Junta-se neste mistério a liturgia do Céu com a liturgia da terra.
É então necessário e urgente que os anjos tornem a cantar. Que nos convidem a dar glória a Deus, se queremos paz na terra. Que nos estimulem a construir a paz para que Deus seja por todos glorificado. Ninguém poderá fazer calar essas vozes do céu lançadas sobre a terra. É necessário que cada um de nós se torne por toda a parte “anjo” anunciador dessa bela notícia que é Deus no meio de nós. É necessário que todos voltemos a cantar, pelos caminhos do mundo, até sufocar os rumores da guerra ou da injustiça no canto da paz. É necessário que nos tornemos como os pastores anunciadores da alegria com que Deus inundou a terra e a difundamos nas famílias divididas, nos adolescentes abusados, nos jovens desnorteados, nos trabalhadores explorados e em todos os recantos da terra onde ainda alastra a fome e a miséria ou os instintos da luta e da delinquência.
5. Vejamos o Natal com os olhos de Maria – “Dá-nos, ó Maria, os teus olhos para decifrar esse mistério que se esconde nos membros frágeis de Jesus. Ensina-nos a reconhecer o seu rosto nas crianças de todas as raças e culturas. Ajuda-nos a ser testemunhas credíveis da sua mensagem de paz e de amor, afim de que também os homens e as mulheres deste nosso século, ainda marcado por fortes contrastes e violências inauditas, saibam reconhecer no Menino que está nos teus braços o único Salvador do mundo, fonte inesgotável da paz verdadeira, a que aspiram profundamente os corações” (São João Paulo II).
Darci Vilarinho