Liturgia do Domingo de Ramos e da Paixão – Ano B

Seguir os passos de Cristo

Is 50, 4-7; Fil 2, 6-11; Mc 14, 1-15, 47

1. Entremos no cortejo de Ramos com Cristo, de palmas nas mãos, cantando hossanas. Entremos com Ele na semana santa da nossa vida, nesta semana santa vazia de gente nas igrejas e nas ruas das nossas cidades e aldeias, mas que podemos viver no interior da nossa casa. A sós, mas acompanhados por Cristo que se oferece por cada um de nós. Toda a humanidade em sofrimento vai cumprindo a Paixão de Cristo. Vamos todos atrás de Jesus. Aprendamos d’Ele. Vem da sua Pessoa o atrativo irresistível que desperta renúncias e doação total. A sua entrega salvará o mundo. E a oferta da nossa vida também. “Que nada nos impeça de encontrar n’Ele a fonte da verdadeira alegria, pois só Jesus nos salva das amarras do pecado, da morte, do medo e da tristeza”, disse o Papa Francisco.

2. A liturgia de hoje ensina-nos que o Senhor não nos salvou com uma entrada triunfal nem por meio de milagres prestigiosos. O apóstolo Paulo, na segunda leitura, resume o caminho da redenção com dois verbos: “aniquilou-Se” e “humilhou-Se” a Si mesmo. “Estes dois verbos indicam-nos até que ponto chegou o amor de Deus por nós. Jesus aniquilou-Se a Si mesmo: renunciou à glória de Filho de Deus e tornou-Se Filho do homem. E não só… Viveu entre nós numa condição de servo: não de rei, nem de príncipe, mas de servo. Para isso, humilhou-Se e o abismo da sua humilhação, que a Semana Santa nos mostra, parece sem fundo.”

3. O primeiro gesto deste amor “sem fim” é o lava-pés: “Mostrou-nos, com o exemplo, que temos necessidade de ser alcançados pelo seu amor, que se inclina sobre nós; não podemos prescindir dele, não podemos amar sem antes nos deixarmos amar por Ele e sem aceitar que o verdadeiro amor consiste no serviço concreto.
Mas isto é apenas o início. A humilhação que Jesus sofre torna-se extrema na Paixão. Ele é o abandonado, o renegado, que sofre a infâmia e a iníqua condenação. Mas a solidão, a difamação e o sofrimento não são ainda o ponto culminante do seu despojamento. Para ser solidário connosco em tudo, na cruz experimenta também o misterioso abandono do Pai. No abandono, porém, reza e entrega-se. No ápice da aniquilação, Jesus revela o verdadeiro rosto de Deus, que é misericórdia. Perdoa aos seus algozes, abre as portas do paraíso ao ladrão arrependido e toca o coração do centurião. “Se é abissal o mistério do mal, infinita é a realidade do Amor que o atravessou.”

4. O modo de agir de Deus pode parecer-nos muito distante. “Ele renunciou a Si mesmo por nós; e quanto nos custa renunciar a algo por Ele e pelos outros! Mas, se queremos seguir o Mestre, somos chamados a escolher o seu caminho: o caminho do serviço, da doação, do esquecimento de nós próprios.”
Podemos aprender este caminho detendo-nos nestes dias em contemplação do Crucificado, “para renunciar ao egoísmo, à busca do poder e da fama”. Não esqueçamos que “o homem vale mais por aquilo que é do que por aquilo que tem”.
Nestes dias de Semana Santa “rezemos com os olhos fixos em Jesus Crucificado sobretudo nas nossas provações. Um olhar voltado para o Crucifixo põe ordem em toda a nossa vida. Ele esclarece tudo o que se passa na nossa vida. (Beato José Allamano).
“Fixemos o olhar n’Ele, peçamos a graça de compreender algo da sua aniquilação por nós e respondamos ao seu amor infinito com um pouco de amor concreto” (Papa Francisco).

Darci Vilarinho