Liturgia do Domingo de Ramos e da Paixão – Ano A

24 de março de 2024
Is 50. 4-7; Fil 2, 6-11; Mt 26, 14-27, 66

 

Seguir os passos de Cristo
1. Entremos no cortejo de Ramos com Cristo, de palmas nas mãos, cantando hossanas. Entremos na semana santa da nossa vida, acompanhados por Cristo que se oferece por cada um de nós. Toda a humanidade em sofrimento – só não o vê quem anda distraído – vai cumprindo a Paixão de Cristo. Vamos todos atrás de Jesus. Aprendamos d’Ele. Vem da sua Pessoa o atrativo irresistível que desperta renúncias e doação total. A sua entrega salvará o mundo. E a oferta da nossa vida também. “Que nada nos impeça de encontrar n’Ele a fonte da verdadeira alegria, pois só Jesus nos salva das amarras do pecado, da morte, do medo e da tristeza”, disse o Papa Francisco.

 

2. A liturgia de hoje ensina-nos que o Senhor não nos salvou com uma entrada triunfal nem por meio de milagres prestigiosos. O apóstolo Paulo, na segunda leitura, resume o caminho da redenção com dois verbos: “aniquilou-Se” e “humilhou-Se” a Si mesmo. “Estes dois verbos indicam-nos até que ponto chegou o amor de Deus por nós. Jesus aniquilou-Se a Si mesmo: renunciou à glória de Filho de Deus e tornou-Se Filho do homem. E não só… Viveu entre nós numa condição de servo: não de rei, nem de príncipe, mas de servo. Para isso, humilhou-Se e o abismo da sua humilhação, que a Semana Santa nos mostra, parece sem fundo.”

 

3. O primeiro gesto deste amor “sem fim” foi o lava-pés: “Mostrou-nos, com esse gesto, que temos necessidade de ser alcançados pelo seu amor, que se inclina sobre nós; não podemos prescindir dele, não podemos amar sem antes nos deixarmos amar por Ele e sem aceitar que o verdadeiro amor consiste no serviço concreto.
Mas isto é apenas o início. A humilhação que Jesus sofre torna-se extrema na Paixão. Ele é o abandonado, o renegado, que sofre a infâmia e a iníqua condenação. Mas a solidão, a difamação e o sofrimento não são ainda o ponto culminante do seu despojamento. Para ser solidário connosco em tudo, na cruz experimenta também o misterioso abandono do Pai. No abandono, porém, reza e entrega-se. “Pai, nas tuas mãos…”. No ápice da aniquilação, Jesus revela o verdadeiro rosto de Deus, que é misericórdia. Perdoa aos seus algozes, abre as portas do paraíso ao ladrão arrependido e toca o coração do centurião. “Se é abissal o mistério do mal, infinita é a realidade do Amor que o atravessou.”

 

4. O modo de agir de Deus pode parecer-nos muito distante. “Ele renunciou a Si mesmo por nós; e quanto nos custa renunciar a algo por Ele e pelos outros! Mas, se queremos seguir o Mestre, somos chamados a escolher o seu caminho: o caminho do serviço, da doação, do esquecimento de nós próprios.”
Podemos aprender este caminho detendo-nos nestes dias na contemplação do Crucificado, “para renunciar ao egoísmo, à busca do poder e da fama”. Não esqueçamos que “o homem vale mais por aquilo que é do que por aquilo que tem”.
Nestes dias de Semana Santa “rezemos com os olhos fixos em Jesus Crucificado sobretudo nas nossas provações. Um olhar voltado para o Crucifixo põe ordem em toda a nossa vida. Ele esclarece tudo o que se passa na nossa vida. (Beato José Allamano).
“Fixemos o olhar n’Ele, peçamos a graça de compreender algo da sua aniquilação por nós e respondamos ao seu amor infinito com um pouco de amor concreto” (Papa Francisco).

 

Darci Vilarinho