Liturgia do 3º Domingo Comum – Ano A

Colaboradores de Jesus

Is 9, 1-4; 1Cor 1, 10-13.17; Mt 4, 12-23

Há bem pouco tempo o Papa Francisco com uma carta apostólica estabeleceu que “o 3º Domingo do Tempo Comum seja dedicado à celebração, reflexão e divulgação da Palavra de Deus”. Este documento foi publicado no dia 30 de setembro, dia em que a Igreja celebra a memória litúrgica de São Jerónimo, conhecido tradutor da Bíblia em latim que afirmava: “A ignorância das Escrituras é a ignorância de Cristo”. Sabemos que há duas grandes partes que constituem a Missa: Liturgia da Palavra e liturgia Eucarística.  É fundamental primeiramente comungarmos a Palavra para nos convertermos e poder assim melhor comungar o Pão da Eucaristia.

Com o Evangelho de hoje Jesus dá início à grande aventura da sua missão. Sobe a Cafarnaum e estabelece aí a sua base. Esta escolha não é casual: a região de Zabulão e Neftali é um território de fronteira, lugar de misturas étnicas, culturais e religiosas. É um lugar olhado com desconfiança pelos puritanos de Jerusalém.
Jesus começa pois a sua missão não em lugares importantes e religiosos como Jerusalém, mas em zonas periféricas, no meio dos distantes, dos menos religiosos, dos impuros, dos que têm contacto com os pagãos. Era assim que eram considerados os habitantes da Galileia: uma zona de cruzamento de povos e, por isso mesmo, zona de contágio cultural e moral.
Com esta escolha inicial, Jesus quer mostrar que os primeiros destinatários do seu Evangelho e do Reino não são os justos, os observantes ou os que se consideram tais, mas os distantes, os excluídos.
É o início humilde de uma missão que terá horizontes muito vastos e que será prosseguida pelos seus discípulos e pelos seus sucessores, chamados a segui-Lo e a ser por toda a parte “pescadores de homens”.

Começa Jesus a fundar a sua Igreja. Escolhe colaboradores para continuar no mundo a sua missão. Primeiro fê-los amigos, depois tornou-os apóstolos e pescadores de homens. Jesus não quis fazer tudo sozinho. Precisou e precisa ainda hoje de colaboradores, que livremente o ajudem na sua missão de anunciar aos homens o modo de viver do nosso Deus. Chamou-lhes amigos e pescadores de homens. É um convite que ainda hoje continua a lançar na praia do nosso mundo: vem e segue-me, diz-nos Jesus. Junta-te a Mim, vive e proclama o que Eu anuncio.

Jesus apresenta-se como um missionário itinerante: ensina, prega a boa noticia do Reino, cura os doentes, recruta discípulos, convida à conversão. Não interroga as pessoas sobre os dez mandamentos, não pergunta se são fiéis às orações. Convida simplesmente a segui-Lo para estarem com Ele, para entrarem na sua escola de vida, para fazerem a experiência de um novo modo de vida. A experiência da nossa fé parte daqui: deste convite a estarmos com Ele, a caminhar com Ele, a nutrir-nos da sua Palavra. Para depois a anunciarmos aos outros.

Todo o cristão é seguidor de Cristo. De que modo? “Convertei-vos e acreditai no Evangelho”. Primeiro tenho que me converter. Depois entrego-me nas suas mãos para estar com Ele, gozar da sua presença, saciar-me com a sua Palavra, entrar no seu Reino e ser enviado a anunciá-lo a quem ainda não O conhece. Somos seus colaboradores nesta missão de levar a sua palavra àqueles que não a conhecem.
Que a nossa alma cante e o nosso coração acolha os inumeráveis convites de Jesus: Tal como diz a canção: “Deixa que o mundo siga a sua aventura, deixa que o homem retorne à sua casa, deixa que a gente se entregue à sua riqueza, mas tu… tu vem e segue-me”.

Darci Vilarinho