Liturgia do 33º Domingo Comum – Ano B

17 de novembro de 2024
Dan 12, 1-3; Hebr 10, 11-18; Mc 13, 24-32

 

Rumo a uma nova terra
1. Cada um de nós está inscrito no registo de dois mundos: o mundo presente, com a terra que pisamos e o ar que respiramos, que é marcado pelo limite e pela finitude. E o mundo que se habita no além, mas que se constrói já aqui e agora: o mundo da eternidade, do triunfo da misericórdia. Dois mundos distintos, mas não distantes. É o presente e o futuro que vivem no nosso coração com ânsias de infinito.
Diz a Constituição Gaudium et Spes sobre a Igreja no mundo contemporâneo: “Ignoramos o tempo em que terão fim a terra e a humanidade, e não sabemos o modo pelo qual será transformado o universo. Passará certamente o cenário deste mundo, deformado pelo pecado. Mas sabemos, pela Revelação, que Deus prepara uma nova habitação e uma nova terra, em que habita a justiça, e cuja felicidade apagará abundantemente todos os anseios do coração dos homens”.

 

2. A eterna morada – “Eis que estou à porta e bato. Se alguém escuta a minha voz e me abre a porta, entrarei e cearei com ele e ele comigo”. À porta do nosso “último dia” estará o Senhor que nos acolherá e transformará em glória o tempo que agora vivemos. O fim do mundo, a que se refere a Palavra de Deus deste penúltimo domingo do tempo comum, não é uma catástrofe, mas a instauração da cidade santa que desde já estamos a construir. O que é importante agora é trabalhar para que este mundo seja cada vez melhor e compreender que todo o bem que semearmos hoje havemos de colhê-lo na eternidade.
Somos todos testemunhas de que tudo passa. Passa a vida com suas cruzes e glórias. Passa tudo o que neste mundo se constrói, porque tem a marca da nossa fragilidade. Só não passa o bem que fizermos uns aos outros e tudo aquilo que deixarmos construir por Deus dentro de nós. Deixar-nos guiar pela sua Palavra é construir no meio de nós um Reino que não passará. Lutas, perseguições, contrariedades, são dores do parto donde vai nascer a humanidade nova. O mundo vai-se purificando pelo fogo do Espírito, que conduz a nossa história. “Não vos assusteis”. O nosso Deus é o Deus da esperança. “Não tenhais medo, eu venci o mundo”. Diligentes no trabalho, aguardemos confiantes a sua vinda gloriosa.

 

3. Sabendo que tudo se projeta na eternidade, é aqui que, momento a momento, construímos essa casa que habitaremos no Além. Se, por natureza, vivemos inquietos e preocupados, este é um modo excelente para abolir todo e qualquer medo perante o nosso futuro, depositando no Pai que imensamente nos ama toda a nossa confiança. Continuamente lhe pedimos que nos dê o pão de cada dia. Fazer o que lhe agrada em cada instante da nossa vida é o melhor pão que possamos pedir e receber.
“Vigiai, porque não sabeis o dia nem a hora” da vinda do vosso Deus. Como? Acolhendo-o em cada instante e realizando ações limpas e completas para a sua glória e o bem dos nossos irmãos. O bom Papa São João XXIII assim se exprimia: “Hei de realizar cada ação, recitar cada oração, cumprir cada regra como se não tivesse mais nada que fazer, como se o Senhor me tivesse posto no mundo só para fazer bem essa tal ação, e como se ao seu bom êxito estivesse ligada a minha santificação, sem pensar no antes ou no depois”. É com esta sabedoria divina que nós temos que viver, se queremos levar a bom termo a vida que Deus nos deu. O que realmente importa é termos desde já um verdadeiro relacionamento com Jesus, o único que me dá Vida eterna. Lembremo-nos que Deus tem sempre algo maior para nos dar. Maria, a quem continuamente invocamos e pedimos que interceda por nós “agora (isto é: nesta hora) e na hora da nossa morte”, há de acompanhar-nos nesta santa viagem que estamos a realizar. E à hora da nossa chegada lá estará Ela de braços abertos para nos receber e introduzir na casa do Pai.

 

Darci Vilarinho

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