Prov 31, 10-31; 1Tes 5, 1-6; Mt 25, 14-30
“Um homem, ao partir de viagem, chamou os seus servos e confiou-lhes os seus bens… a cada um conforme a sua capacidade”. A seu tempo, esse mesmo senhor voltou para pedir contas daquilo que lhes entregara. Que ensinamento nos vem desta palavra anunciada por Jesus? Todos somos “negociadores” dos talentos de Deus. Nas partilhas que Deus fez connosco couberam-nos dons inimagináveis de natureza e graça. De que modo é que lidamos com eles? Como é que os que fazemos render? Que influência tem a minha vida no andamento do mundo, da Igreja ou da porção de responsabilidade que me foi confiada? Como cristãos, que bem conhecem donde partiu a sua vida e para onde é que ela vai, temos responsabilidades acrescidas na condução deste mundo.
Que fizeste da tua vida? Perguntar-nos-á um dia o Senhor. As contas de Deus são exames do amor, pelo qual seremos avaliados no fim dos nossos dias. Para o Evangelho, a vida do cristão é uma missão. Há sempre que fazer para aqueles que querem gastar o próprio tempo e as próprias capacidades no serviço de Deus e do próximo. O fenómeno moderno do “voluntariado”, que exalta a gratuidade e a generosa doação das nossas energias e do nosso tempo aos outros, é um dos sinais mais belos de uma consciência nova que está a crescer. Somos todos “voluntários de Deus” dispostos a gastar o nosso tempo pelas causas mais sublimes.
Há certamente quem privilegia o divertimento, o consumismo ou a vida fútil, no modo de gastar o seu tempo. Mas há também quem faz das suas horas livres um instrumento precioso para fazer o bem, seja a quem for e seja onde for. Não podemos ser cofres fechados que guardam para si próprios os tesouros que nos foram confiados. Somos contentores de dons preciosos para fazer crescer e distribuir. Quanto bem poderíamos fazer, se os cofres da nossa vida se abrissem em acções benfazejas.
“Não amemos com palavras, mas com obras” (1Jo 3, 18)
Neste domingo, a pedido do Papa Francisco, celebra-se o 1º Dia Mundial dos Pobres. Da sua mensagem para este Dia extraímos dois pensamentos muito oportunos:
“Convido a Igreja inteira e os homens e mulheres de boa vontade a fixar o olhar, neste dia, em todos aqueles que estendem as suas mãos invocando ajuda e pedindo a nossa solidariedade. São nossos irmãos e irmãs, criados e amados pelo único Pai celeste. Este Dia pretende estimular, em primeiro lugar, os crentes, para que reajam à cultura do descarte e do desperdício, assumindo a cultura do encontro. Ao mesmo tempo, o convite é dirigido a todos, independentemente da sua pertença religiosa, para que se abram à partilha com os pobres em todas as formas de solidariedade, como sinal concreto de fraternidade. Deus criou o céu e a terra para todos; foram os homens que, infelizmente, ergueram fronteiras, muros e recintos, traindo o dom originário destinado à humanidade sem qualquer exclusão… Neste domingo, se viverem no nosso bairro pobres que buscam proteção e ajuda, aproximemo-nos deles: será um momento propício para encontrar o Deus que buscamos”. (Papa Francisco)
Darci Vilarinho