Liturgia do 2º Domingo de Advento – Ano B

10 de dezembro de 2023
Is 40, 1-5.9-11; 2 Pedr 3, 8-14; Mc 1, 1-8

 

Abrir caminhos
O Advento pede-nos que abramos caminhos para a entrada de Jesus na nossa história humana. Abrir caminhos de paz, de justiça, de reconciliação e de entendimento entre todos. Que a magia divina do Natal que se aproxima mude o nosso coração e nos habilite a continuar a missão de Cristo sobre a terra.

 

1. O Evangelho de Marcos abre com esta linha solene: “Princípio do Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus”. É um anúncio solene porque traz a bela notícia que é Jesus. É a narração da ternura de Deus, com o anúncio de que é possível para todos viver melhor e que o Evangelho possui a chave dessa vida melhor. Um Deus sempre mais próximo, através de Jesus, próximo como o nosso respiro, como o nosso coração.
Virá depois de mim alguém que é mais forte do que eu, diz João. Jesus é mais forte, porque traz a ternura de Deus, que fala ao nosso coração. Todas as outras vozes são vozes que distraem, que passam ao lado, mas a sua voz é a única que ressoa no fundo da alma, que desce até ao coração do homem.
Vem aquele que é mais forte: mais forte do que a economia, o mercado ou o dinheiro. Mais forte do que o orgulho, a vaidade e o egoísmo. Mais forte do que o ódio ou a violência, porque traz a paz, a reconciliação entre os homens, o respeito pelos outros, a atenção aos mais fracos
O que nos traz o Evangelho de Marcos é uma boa Notícia, grávida de um bom futuro para o mundo, porque em Jesus Deus está mais próximo de nós, como um abraço de que tanto precisamos.

 

2. “Preparai os caminhos do Senhor”, proclama João no deserto. Apregoa um batismo de conversão e imerge os seus discípulos no rio Jordão em vista do perdão dos pecados. Vai chegar aquele que perdoa. Vai chegar a divina misericórdia, incarnada em Cristo Jesus, verdadeiro Deus e verdadeiro Homem.
É preciso que a palavra de João Batista ecoe de novo no deserto do nosso mundo para limpar a indiferença, o egoísmo e tudo aquilo que sufoca a procura dos verdadeiros valores. Precisamos todos de aplanar caminhos e encher os vales com o anúncio missionário da tolerância, da confiança e do perdão.
“Arrependei-vos, que está perto o Reino dos Céus”. Advento é promessa de conversão. Tenho que mudar de vida, endireitando caminhos de orgulho e infidelidade. Preciso de limpar a minha eira e cortar a erva daninha que não me deixa crescer para o alto. Da árvore da vida que em mim Deus plantou hão de brotar obras de arrependimento e gestos de acolhimento. “Acolhei-vos uns aos outros, como Cristo vos acolheu, para glória de Deus”, pede-nos S. Paulo.

 

3. Frutos de conversão – Para acolher o Messias, João Baptista pedia uma profunda mudança de vida a todos os que acorriam à sua pregação: “Produzi frutos que mostrem a vossa conversão”. Pelo batismo fomos enxertados na árvore de Cristo, tornando-nos participantes da sua vida e da sua missão. Por Ele e nele ficámos habilitados a prestar culto a Deus, a anunciar o seu Reino, a ler os sinais dos tempos e a entender o curso da história humana, de que Ele é chave. Quanto mais vida recebermos desta árvore divina, melhores frutos produziremos.

 

Darci Vilarinho