Liturgia do 2º Domingo da Páscoa – Ano B

Não há fé sem comunidade

At 4, 32-35; 1Jo 5, 1-6; Jo 20, 19-31

A multidão dos que haviam abraçado a fé tinha um só coração e uma só alma; ninguém chamava seu ao que lhe pertencia, mas tudo entre eles era comum. Os Apóstolos davam testemunho da Ressurreição do Senhor Jesus com grande poder e gozavam todos de grande simpatia”. É assim que os Atos dos Apóstolos nos apresentam a comunidade dos primeiros discípulos de Jesus. Que beleza de comunidade! Era uma vida que falava. Era uma fé que arrastava. Havia para todos e a ninguém faltava o necessário. Como estamos longe desse estilo de vida que Jesus e os Apóstolos imprimiram. Hoje, mais do que nunca, precisamos de nos renovar pela graça da ressurreição de Cristo e pela força do seu Espírito.

A Igreja é a comunidade dos que acreditam em Cristo Ressuscitado. Eles, os primeiros cristãos, acreditavam verdadeiramente na Ressurreição do Senhor. A comunhão de bens e de ideais e a maneira fraterna como viviam uns com os outros era o sinal tangente da presença do Ressuscitado no meio deles. De alegria estampada no rosto, atraíam outros para a vida da comunidade. E a Igreja crescia em amor e em louvor. Se calhar é isto que nos falta hoje. Se calhar, eu ainda não manifesto suficientemente aos outros a minha fé na Ressurreição de Cristo. Se calhar o meu modo de proceder, em vez de aproximar, afasta de Deus. Talvez ainda não tenha percebido o essencial do cristianismo. Talvez me falte o testemunho da comunhão fraterna e da alegria de servir os mais necessitados, que são a sua real presença no meio de nós.

Tomé não acreditou por ter tocado nas chagas do Senhor, mas porque abriu o seu coração e aceitou. Sou feliz porque tenho fé. É a ressurreição que gera a comunidade dos crentes. Se acreditas por ver, isso não é fé. Porque a fé não põe condições. Assenta no testemunho dos Apóstolos que nos falam em nome de Cristo. A fé entra em crise quando falha a comunidade de fé na sua vivência e no testemunho. Não há fé sem comunidade, não há fé sem partilha. Que o testemunho da tua comunidade faça crescer a tua fé. Se eu entrar, como fez Tomé, nas cicatrizes do Ressuscitado, Jesus me dará a graça de aumentar a minha fé e de a transmitir com alegria. Quem encontrou a Cristo ressuscitado na sua vida não pode deixar de o anunciar aos outros. É essa a nossa missão para os dias de hoje.

Darci Vilarinho