Liturgia do 20º Domingo Comum – Ano A

20 de agosto de 2023
Is 53, 1.6-7; Rom 11, 13-15.29-32; Mat 15, 21-28

 

A fé das mães que sofrem
O Evangelho do 20º Domingo Comum é uma das páginas mais belas de São Mateus. É o próprio Jesus a medir a fé dessa mulher, uma cananeia que implora a cura da sua filha: “Mulher, é grande a tua fé. Faça-se como desejas”. Essa mulher que não se cala perante o silêncio de Jesus, mas insiste colocando o seu problema acima de qualquer credo.

 

1. É uma mãe pagã, que não conhece o Deus dos Israelitas, que talvez adore outras divindades, mas que coloca o seu coração de mãe nas mãos de Jesus. Entende que só dele lhe pode vir a solução para o seu problema. Em Jesus ela descobre um rosto de Deus mais atento à felicidade do que à fidelidade dos seus filhos. Um Deus para quem a saúde de uma menina pagã é mais importante do que o culto dos levitas ou as fórmulas da fé. Na verdade, a glória de Deus é o homem vivente, uma criatura curada, uma menina feliz e uma mãe reconhecida.

 

2. É grande a fé desta mulher, diz Jesus. Uma mulher que não tem a fé dos teólogos, mas a fé das mães que sofrem. Grande é a tua fé, dentro e fora da Igreja, porque é grande o número das mães desta terra que não sabem o Credo, não conhecem o nome de Javé, mas conhecem o coração de Deus, cheio de compaixão. Sabem que em Jesus têm um conhecedor dos inumeráveis sofrimentos humanos.
Neste nosso tempo de férias, mas também de incêndios, de guerras e de miséria, há uma multidão de mães que imploram as migalhas que caem da mesa dos senhores. Já não são as mães cananeias, mas talvez as mães da Ucrânia ou do Sudão, do Havai ou de Moçambique, da Síria ou do Paquistão ou até de Portugal e de outros povos que choram pelas situações sérias em que vivem.

 

3. Esta imagem que tocou o coração de Jesus toque também o nosso. Para que ninguém fique sem pão e os cachorrinhos se transformem em filhos. A nossa fé na misericórdia de Deus convida-nos a inclinar-nos sobre os últimos desta terra para vermos em todos os excluídos os filhos do mesmo Deus com iguais direitos ao pão de cada dia ou à paz que tarda a chegar.
Senhor, tu nos ensinaste que para fazer parte do teu Reino e fazer frente a todas as situações de sofrimento, não valem privilégios ou genealogias, mas só uma fé forte e operante, humilde e confiante. Aumenta, Senhor, a nossa fé. E que ela passe pelas obras de misericórdia.

 

Darci Vilarinho