11 de junho de 2023
Os 6, 3-6; Rom 4, 18-25; Mat 9, 9-13
“Todos, sem excluir ninguém”
1. O texto do Evangelho deste Domingo apresenta dois episódios distintos. No primeiro, temos o chamamento do publicano Mateus; no segundo, temos a descrição de um banquete em casa de Mateus e de uma controvérsia entre Jesus e os fariseus, espantados por Ele se misturar com os pecadores públicos e sentar-se à mesa com eles.
De facto, os cobradores de impostos como Mateus, além de estarem ao serviço do opressor romano, tinham a fama e por vezes o proveito de explorarem os pobres. Eram chamados publicanos e considerados pecadores públicos. De tal modo que os fariseus, muito ciosos da sua santidade, mudavam de passeio quando, na rua, viam um publicano vir ao seu encontro.
“Prefiro a misericórdia ao sacrifício”, diz Jesus, citando um texto do profeta Oseias (1ª leitura).
Contrariamente aos fariseus, mais conotados com legalismos e ritualismos, Jesus acentua a misericórdia. É por isso que escolhe Mateus, um publicano, um pecador público, para o seu grupo de apóstolos. Como um bom médico, Jesus diz claramente que não veio para os sãos, mas para os doentes, isto é, para os pecadores que precisam de cuidados, de amor e de misericórdia.
2. O chamamento de Mateus ensina-nos que Jesus pretende demonstrar que na casa do seu “Reino”, há lugar para todos, mesmo para aqueles que o mundo considera desclassificados e marginais. Deus tem uma proposta de salvação para apresentar a todos os homens, sem exceção. Ele não distingue entre bons e maus: a sua é uma proposta que se destina a todos aqueles que estiverem interessados em acolhê-la.
Há poucos dias, o Papa Francisco falando aos diretores das Obras Missionárias Pontifícias disse precisamente que no Coração de Cristo (estamos no mês de junho!) e no amor do Pai que abraça a humanidade inteira encontramos o coração da missão evangelizadora da Igreja: chegar a todos com o dom do amor infinito de Deus, procurar a todos, acolher a todos, oferecer a vida por todos sem excluir ninguém.
“Todos. Esta palavra é a chave. Quando o Senhor nos conta aquela festa de núpcias, que acabou mal porque os convidados não apareceram: um porque tinha comprado uma vaca, outro porque tinha que viajar, outro porque tinha que se casar, o que é que diz o Senhor? Ide às encruzilhadas das ruas, e convidai a todos, todos: saudáveis e doentes, maus, bons, pecadores. Todos, todos. Este é o coração da missão: o “todos”. Sem excluir ninguém. Todos.” (Papa Francisco).
Deus tem um projeto de salvação e de vida plena para todos. Todos são chamados a fazer parte do seu Reino: Deus não exclui nem discrimina ninguém. Mateus sente-se integrado nessa comunidade e o seu Evangelho pretende mostrar esse plano de Deus.
3. “Ide aprender o que significa: «Prefiro a misericórdia ao sacrifício». Porque Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores.”
“A misericórdia de Deus transforma o coração do homem e faz-lhe experimentar um amor fiel, tornando-o assim, por sua vez, capaz de misericórdia” (Papa Francisco). Temos que aprender de Jesus que a nossa fé se traduz em atos de misericórdia concretos e quotidianos sobre os quais havemos de ser julgados: tive fome e deste-me de comer, tive sede e deste-me de beber, estava doente, preso e vieste visitar-me!
Darci Vilarinho