Ex 24, 3-8; HB 9, 11-15; Mc 14, 12-26
Celebramos nesta quinta-feira a solenidade do Corpo de Deus. É uma ocasião para refletirmos sobre a importância da Eucaristia na nossa vida.
1º – É o pão do nosso caminho como o foi do antigo povo da Aliança que passou por grandes tribulações antes de chegar à terra prometida, mas foi alimentado pelo maná do deserto, um pão vindo do céu, símbolo da nossa Eucaristia.
No Evangelho, Jesus na Última Ceia, dá-nos o seu corpo e o seu sangue em alimento como sinal da aliança connosco. Aquele que o recebe alimenta-se de Deus e viverá para sempre.
2º – É um Pão que nos sustenta e transforma em Cristo. Afirma o Papa São Leão Magno: «outra coisa não faz a participação no corpo e sangue de Cristo, do que transformar-nos naquilo que recebemos» Somos assimilados por Cristo, somos transformados em homens novos, unidos intimamente a Ele, que é a cabeça do Corpo Místico. “O efeito próprio da Eucaristia, diz S. Tomás de Aquino, é a transformação do homem em Deus, a sua divinização”
Confirma-o o Concílio Vat. II: “Outra coisa não faz a participação no corpo e sangue de Cristo, do que transformar-nos naquilo que recebemos” (LG, 26). Portanto: não transformamos Jesus em nós, como acontece com o pão de cada dia, mas pela Eucaristia somos transformados n’Ele.
3º – Se a eucaristia nos transforma em Cristo, como é que devemos comportar-nos? Como o próprio Cristo: os seus sentimentos, o seu modo de pensar, o seu modo de agir, os seus critérios deverão ser os nossos… E aqui temos diante de nós um campo imenso… É todo o Evangelho que devemos viver… É sobretudo o sermão das Bem-aventuranças que são o retrato de Jesus. Viver os seus ensinamentos: sobretudo o mandamento novo do amor que está profundamente ligado com a Eucaristia.
A Eucaristia une entre si os cristãos: se todos nos alimentamos do mesmo pão… fazemos parte todos do mesmo Corpo. É a eucaristia que faz a Igreja.
A Eucaristia é semente, penhor de ressurreição: “quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e Eu o ressuscitarei no último dia”.
4º – A Eucaristia pode transformar não só o nosso corpo físico, não só o corpo que é a Igreja, mas todo o corpo social. Se a humanidade não está em contacto direto com a Eucaristia está em contacto direto com os cristãos… Podemos ser nós a Eucaristia da sociedade… De facto, amando os outros, damos-lhe Jesus. Deixando-nos “comer” de um certo modo pelos outros, tornamo-nos eucaristia dos outros. Comendo-nos a nós alimentam-se de Jesus…. Cada um deve aprender a dizer a própria missa na vida quotidiana. Ser eucaristia para os outros…
Mas, para que ela produza na nossa vida frutos de comunhão e de renovação, não podem faltar as condições essenciais, sobretudo o perdão recíproco e o compromisso do amor mútuo. Segundo o ensinamento do Senhor, se estiveres para apresentar a tua oferta ao altar e aí te recordares que tens alguma coisa contra o teu irmão, deixa a tua oferta e vai primeiro reconciliar-te (Mt 5, 23).
Cada celebração deve ser então uma ocasião para renovar o compromisso de dar a vida uns pelos outros. Assim a celebração eucarística valerá verdadeiramente, e Cristo cumprirá a sua promessa: «Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estou aí, no meio deles» (Mt 18, 20).
Darci Vilarinho