Liturgia da Solenidade de Todos os Santos

1 de novembro de 2023
Ap 7, 2-14; 1Jo 3, 1-3; Mt 5, 1-12

 

O nosso maior tesouro
1. A festa de Todos os Santos é a festa da bondade espalhada pelo mundo e canonizada pelo nosso Deus que vê no segredo dos corações. É a festa da beleza interior de tantas pessoas que não desperdiçaram o tempo que lhes foi concedido. É a festa de tantos heróis desconhecidos: os pobres, os mansos e puros de coração. Mas também dos que distribuíram a misericórdia, procuraram a justiça e construíram a paz. Dos que foram perseguidos, injuriados e caluniados por causa do Evangelho. Dos que em espírito de missão espalharam pelo mundo sementes de amor e de paz.

 

2. Os santos são as pessoas mais felizes do mundo, porque encontraram a realização total das suas vidas. Fizeram certamente coisas belas, praticaram ações que enobreceram o mundo, mas sobretudo tornaram as suas vidas lugares de beleza. São o espelho da beleza de Deus. São o nosso maior tesouro, o património da humanidade. São aqueles que contribuíram e contribuem para a harmonia do mundo. Porque santidade quer dizer harmonia de relação com Deus e uns com os outros para criar felicidade. Santidade é encher cada instante da nossa vida com aquilo que agrada ao Senhor. Somos um povo de santos que nasce do Evangelho e o propõe como carta de princípios para o entendimento entre os povos.

 

3. O sonho de Deus – Nós acreditamos que cada um de nós nasce para realizar um sonho de Deus. O santo é aquele que descobriu e realizou esse sonho. Não se fechou em si mesmo, mas irradiou alegria, entusiasmo e solidariedade por toda a parte. Cumprindo com amor tudo aquilo que nos é pedido, vivendo vontade de Deus no presente e com perfeição também nós realizaremos esse sonho de Deus.

 

4. Os santos ao pé da porta
Reparemos sobretudo hoje na santidade das pessoas que estão ao nosso lado. Ensina-nos o Papa Francisco: “Não pensemos apenas em quantos já estão beatificados ou canonizados. O Espírito Santo derrama a santidade, por toda a parte, no santo povo fiel de Deus, porque aprouve a Deus salvar e santificar os homens… Gosto de ver a santidade no povo paciente de Deus: nos pais que criam os seus filhos com tanto amor, nos homens e mulheres que trabalham a fim de trazer o pão para casa, nos doentes, nas consagradas idosas que continuam a sorrir. Nesta constância de continuar a caminhar dia após dia, vejo a santidade da Igreja militante. Esta é muitas vezes a santidade «ao pé da porta», daqueles que vivem perto de nós e são um reflexo da presença de Deus, ou – por outras palavras da «classe média da santidade»”.

 

5. Flores perfumadas – Nestes dias, há uma procissão de gente a caminho dos cemitérios para recordar os entes queridos que já partiram. A Igreja chama-lhes “fiéis defuntos”, porque viveram neste mundo na fidelidade à própria vocação. São os santos da nossa família. Levando flores aos nossos parentes e amigos e com elas uma pequena oração, chave de comunhão com Deus e com eles, não esqueçamos os missionários que gastaram as suas vidas pela difusão do reino de Deus. Eles agradecem e intercedem por nós. “Recordar os defuntos é tê-los próximo do nosso coração, conduzi-los ao coração, para recordar a nós próprios que a vida tem uma perspetiva diferente que vai para além do espaço e do tempo. Não é por acaso que o dia que dedicamos à comemoração dos defuntos chegue após a festa de Todos os Santos, pessoas que viveram plenamente esta vida numa perspetiva que é mais que esta vida”. (W. Lamberti)

 

Darci Vilarinho