Liturgia da Solenidade da Santíssima Trindade

Amor em movimento

Prov 8, 22-31; Rom 5, 1-5; Jo 16, 12-15

1. Festa litúrgica da Santíssima Trindade. Que extraordinária revelação: Deus é Trindade. Deus é comunhão. A solidão é insuportável porque é inconcebível na lógica da comunhão. “Sede perfeitos na unidade”, diz-nos Jesus. Quer dizer: vivei à imagem da Trindade Santíssima. É o programa da nossa vida e é o grande sonho de Deus: construir a Igreja à imagem da Trindade. Quem diz Igreja diz família: um tecido de relações humanas e sobrenaturais no respeito pela diversidade de cada um.

2. Foi Cristo quem nos revelou o grande mistério de um só Deus em três Pessoas. Falou-nos do Pai: “Quem me vê a Mim vê o Pai, porque Eu e o Pai somos um”. E deu-nos o Espírito Santo que “nos guia para a verdade total” e nos sustém no caminho de fé. Nós sabemos por revelação que Deus é Amor e por isso exclui qualquer egoísmo, solidão ou indiferença: é comunhão, unidade, família, solidariedade.

Imensamente amados pelo Pai, redimidos pelo Filho, animados pelo Espírito, somos família de Deus, chamada a viver à sua imagem. Batizados na água e no fogo do Espírito, tornámo-nos participantes da mesma vida divina. Não há maior riqueza e dignidade. E o mundo desconhece estas supremas realidades. Ninguém nasce para viver sozinho. Nascemos da comunhão e vivemos para a comunhão. Todos os caminhos que não passam por aí não são caminhos de Deus.

3. Amor em movimento – “Compreenderemos” o mistério da SS. Trindade, se as nossas relações forem sinal tangível desta divina comunhão. Não é mistério para entender com a nossa cabeça. É mistério para viver em cada relação que continuamente tecemos. Somos feitos uns para os outros numa dependência sagrada e vital. Ninguém foi criado para viver isolado. Não! Não faz parte do divino projeto, que nos criou à imagem da SS. Trindade para que circule em nós a mesma seiva divina. A minha família, o meu grupo, a minha comunidade, só os posso entender como espaço de relações trinitárias, em permanente acolhimento daquilo que cada um tem para dar.

4. Dar e receber. Deus não é solidão, mas comunhão. É amor em movimento. De mim para ti, de ti para mim. De Deus para nós, de nós para Deus. É eterna fecundidade de dar e receber. Quem diz Santíssima Trindade diz encontro, relação, comunhão e dom recíproco. Se eu amo e me deixo amar, vivo na Trindade. Se dou a vida por alguém, vivo na Trindade. É sua casa o nosso coração. O nosso ir em missão pelos outros é o respiro do seu amor que a todos quer alcançar.

Que a Trindade Santíssima que nos habita nos ensine o seu jeito de viver, na comunhão entre nós e na nossa missão em todos os povos da terra.

Darci Vilarinho