Is 42, 1-7; Act 10, 34-38; Mc 1, 17-11
1. E uma voz vinda do céu dizia “Este é o meu Filho muito amado no qual pus toda a minha complacência”, diz-nos o evangelista São Marcos narrando o batismo de Jesus. No meio da multidão, entre fariseus e saduceus, entre publicanos, soldados e pecadores, também Jesus se apresenta para ser batizado, como um deles, um entre muitos. Enquanto Cristo desce à água do rio Jordão, como inocente que Se faz pecado por nós, o céu abre-se e a voz do Pai proclama-o Filho dileto, ao mesmo tempo que o Espírito vem sobre Ele para O investir na missão que o espera. É assim que inicia a sua vida pública com o anúncio do reino de Deus e o convite à conversão.
2. Jesus deixa-se incluir entre os pecadores, plenamente solidário com eles. Quando sai da água, Jesus “vê abrir-se os céus”. “Se tu rasgasses os céus e descesses”, gritava o profeta Isaías, fazendo-se porta-voz de toda a humanidade que desejava ardentemente a comunhão com Deus. A desobediência de Adão tinha fechado os céus irremediavelmente. Agora, reabre-os a obediência de Jesus.
3. E uma voz vinda do céu dizia “Este é o meu Filho muito amado no qual pus toda a minha complacência”, isto é, toda a minha satisfação, o meu enlevo. É o Pai quem fala; é como que uma resposta a Jesus que aceitou cumprir em plenitude, com amor, a sua vontade. Ouvindo a voz do Pai, Jesus, como homem, toma plena consciência da sua filiação divina e da sua missão. Ele sabe que é o predileto, o amado desde sempre. É o “Filho de Deus”, pode chamar Deus com o nome de “Pai”, no sentido mais pleno da palavra.
4. Graças ao batismo de Jesus também no nosso batismo se abrem os céus, desce o Espírito e o Pai nos torna filhos seus. Também a nós, assim como a Jesus, o Pai repete: Tu és o meu filho predileto. Também nós nos podemos dirigir a Deus, como verdadeiros filhos, e chamá-lo Abbá, Pai. Todos filhos e filhas de um único Pai; todos filhos no único Filho, no qual “já não há judeu nem grego; já não há escravo nem livre; já não há homem nem mulher, visto que todos vós sois um em Cristo Jesus”: nasce a comunidade cristã, que tem a mesma missão do Filho de Deus: fazer com que todos se tornem irmãos em torno de um único Pai. “Todos irmãos” é o título da última encíclica do Papa Francisco, na qual apresenta uma “humilde contribuição para a reflexão, a fim de que, perante as várias formas atuais de eliminar ou ignorar os outros, sejamos capazes de reagir com um novo sonho de fraternidade e amizade social que não se limite a palavras. Embora a tenha escrito a partir das minhas convicções cristãs, que me animam e nutrem, procurei fazê-lo de tal maneira que a reflexão se abra ao diálogo com todas as pessoas de boa vontade”. Deus é nosso Pai e nós somos todos irmãos.
5. Há que tomar consciência do Batismo de Jesus e do nosso próprio batismo. Respondamos: Que sentido tem hoje para mim o meu batismo? Em que dia fui batizado? Celebro só o dia do meu nascimento físico ou também o dia do meu nascimento para a vida sobrenatural? A nossa missão de batizados, hoje, que implicações tem para a nossa vida? Que diferença existe entre mim, batizado e um que não foi batizado?
Hoje, durante a eucaristia, podemos renovar o nosso compromisso batismal que no fundo é a nossa missão nesta terra.
Darci Vilarinho