Allamano: modelo de santidade na Missão

Assinala-se, este ano, o 30º aniversário da beatificação do Padre José Allamano, fundador dos Missionários e Missionárias da Consolata, proclamado “Bem-aventurado” pelo Papa João Paulo II, a 7 de outubro de 1990, em Roma

Na ocasião, um grupo de bispos do Quênia, país que a 8 de maio de 1902 recebia os primeiros quatro missionários da Consolata enviados pelo Fundador, sacerdote do clero de Turim na Itália, assim manifestaram a sua alegria e gratidão.

“Honramos a memória de José Allamano de uma forma muito especial porque:
1. Ele amava o nosso povo. Insistiu desde o início que, juntamente com o dom da Fé, os seus missionários não deviam poupar esforços para dar ao nosso povo todas as ajudas ao desenvolvimento necessárias para aumentar a sua alegria e aliviar a sua carga diária. Isto foi realizado através da introdução de escolas, cuidados de saúde, artes e ofícios, criação de animais, agricultura e publicações. A primeira imprensa gráfica do Quênia foi criada em Nyeri, assim como o primeiro jornal católico que ainda hoje é publicado, o “Wathiomo Mukinyu” (língua kikuyu).

2. Ele respeitou e defendeu as nossas tradições, a nossa língua e os nossos costumes, e encorajou os seus missionários a conhecê-los, respeitá-los e defendê-los também. Vários missionários dedicaram a essas tradições e costumes estudos altamente apreciados.

3. Tinha total confiança nas nossas capacidades de desenvolvimento e de cooperação no trabalho evangelizador dos missionários que, de fato, desde o início se valeram de um grupo de catequistas para os quais tinha sido criada uma escola especial de formação. Já em 1914 abriram um Seminário para a formação do clero local, primeiro em Tuthu e mais tarde em Nyeri. Os primeiros sacerdotes quenianos foram formados nesse Seminário.

Olhando para José Allamano, os nossos sentimentos vão para além da gratidão. Com a sua Beatificação ele é apresentado como digno da nossa veneração e todos nós somos convidados a ver nele um exemplo” (extrato da Mensagem dos bispos das dioceses de Nyeri, Meru, Marsabit, Murang’a e Embu).

Nesse testemunho dos bispos do Quênia encontramos características fundamentais na metodologia missionária do Fundador: na evangelização, amar e promover o povo, respeitar e aprender a língua e a cultura, e confiar nas capacidades das lideranças.

MEMÓRIA E COMPROMISSO
O dia da beatificação foi também saudado pelo então Superior Geral do IMC, padre José Inverardi, com uma serie de expressões que resumem a vida e a obra do Fundador e nos comprometem com o carisma:

Dia em que a nossa CONSOLATA se alegrou com a honra conferida ao seu filho e servo fiel.
Dia em que a IGREJA exaltou mais uma testemunha da Fé, propondo-o como um modelo de santidade e intercessor.
Dia em que a José ALLAMANO foi reconhecida a fecundidade espiritual e apostólica.
Dia em que a MISSÃO foi novamente proposta com novo vigor e responsabilidade de cada crente.
Dia em que o INSTITUTO cantou a sua alegria, proclamou os seus louvores, disse os seus agradecimentos.
Dia em que as MISSIONÁRIAS e os MISSONÁRIOS da Consolata olharam presunçosamente para a “rocha de onde foram talhados”.
Dia em que os POVOS, muitos povos, reconheceram ter sido amados e beneficiados por um homem manso e forte.
Dia em que TODOS NÓS nos reconsagrámos ao Senhor, aos nossos irmãos e irmãs, e à nossa vocação, para sermos “primeiros santos e depois missionários”.

MENSAGEM DOS SUPERIORES GERAIS
A celebração do 30º aniversário da beatificação de Allamano foi precedida de uma Mensagem (4/10/2020) dos superiores gerais IMC – MC, padre Stefano Camerlengo e Irmã Simona Brambilla, onde afirmam: “Por esta razão, onde quer que estejamos neste ano, marcados pela nuvem cinzenta de uma pandemia que se infiltrou em cada canto do Planeta, não podemos deixar de fazer uma pausa de recolhimento, recordando e dando graças por este “evento de graça”… desde o qual nos sentimos ainda mais orgulhosos de seguir os passos deste humilde sacerdote de Turim que nos lançou ao mundo, pedindo-nos para sermos simples e autenticamente ‘santas e santos para a Missão’”.

Neste 7 de outubro de 2020, celebramos esse acontecimento para fazer memória do nosso Pai Fundador e pedir a graça de imitá-lo na sua santidade. Duas de suas filhas missionárias da Consolata, a Irmã Irene Stefani, “mãe toda misericórdia” e a Irmã Leonella Sgorbati, “mulher do dom e do perdão”, alcançaram ambas a mesma “bem-aventurança”. Ao mesmo tempo, nessa ocasião, queremos intensificar as nossas orações para que, pela graça de Deus, e a intercessão da Mãe Consolata, o Bem-Aventurado Allamano seja declarado santo.

BIOGRAFIA
José Allamano nasceu a 21 de janeiro de 1851 em Castelnuovo Dom Bosco (Itália), filho de José Allamano e de Maria Anna Cafasso, irmã de São José Cafasso. Antes de entrar no Seminário Diocesano de Turim, em 1866, passou alguns anos no chamado “Oratório”, sob a orientação espiritual de São João Bosco. Foi ordenado padre a 20 de setembro de 1873. A sua primeira missão foi a formação do clero em Turim. No dia 2 de outubro de 1880, foi nomeado Reitor do Santuário da Consolata em Turim, missão que desempenhou durante 46 anos, até 16 de fevereiro de 1926, dia da sua morte.

O Padre Allamano não só renovou as estruturas do Santuário da Consolata, mas também o transformou em um Centro de Espiritualidade Mariana e Missionária. Aos cuidados de Nossa Senhora confiou as duas congregações Missionárias que fundou: o Instituto Missões Consolata (padres e Irmãos) em 29 de janeiro de 1901, e as Irmãs Missionárias da Consolata em 29 de janeiro de 1910. Hoje seus filhos e filhas trabalham na missão ad gentes em 28 países da Europa, África, América e Ásia.

ORAÇÃO DO 30º ANIVERSÁRIO DA BEATIFICAÇÃO DO PADRE JOSÉ ALLAMANO
Senhor Jesus, que oferecestes à Igreja
o dom do vosso fiel servo, José Allamano,
para que a alegria do Evangelho,
graças aos vossos missionários e missionárias,
chegue até aos confins da terra,
ouvi a nossa oração.

Concedei-nos que, recordando o feliz dia da sua “beatificação”,
mantenhamos sempre viva a memória de tão brilhante guia,
para podermos imitar, com generoso empenho,
o seu exemplo de santidade nas coisas ordinárias;
e apressai, para nós, o dia em que veremos proclamada a sua santidade,
para glória do Vosso Nome
e consolação dos povos do mundo. Amém

P. Jaime C. Patias, IMC