A Consolata e o Allamano

Foi aos pés de Nossa Senhora da Consolata, venerada no seu Santuário de Turim (Itália), que Allamano forjou a sua alma de apóstolo, manifestando a sua preocupação de levar o anúncio do Evangelho ao mundo inteiro. Com Ela estabeleceu um diálogo de profundo amor, de devoção concreta e de vida

 

Allamano tinha a profunda convicção, fundada na sua experiência, de que Maria era a inspiradora do Instituto dos Missionários da Consolata. Dizia: “A nossa verdadeira fundadora é Nossa Senhora. Ela é a nossa terníssima mãe que nos ama como às pupilas dos seus olhos”.

 

Turim é uma cidade rica de história e cultura, ainda hoje recheada de obras e edifícios que datam de tempos muito antigos. O Santuário da Consolata, também conhecido por Igreja de Nossa Senhora da Consolata, é um templo fascinante que remonta ao período paleocristão, construído no local em que existia uma pequena igreja dedicada a Santo André, edificada sobre as ruínas de um templo dedicado aos cultos pagãos.

 

“Fazer tudo com Maria significa tomá-la como nosso modelo em todas as ações, agindo como Ela agiria”

Beato José Allamano

 

A devoção a Nossa Senhora Consolata brotou do coração do povo de Turim e, aos poucos, difundiu-se por toda a região do Piemonte (norte da Itália). O primeiro quadro de Nossa Senhora Consolata foi exposto à veneração dos fiéis por volta do ano 440, nesse oratório dedicado ao Apóstolo Santo André.

A Mãe das Consolações não tardou a manifestar a sua grande bondade para com os devotos, especialmente doentes e sofredores. A “Consoladora dos Aflitos” fez do pequeno oratório de Santo André a “sala de audiências”, onde distribuía graças de ordem espiritual e temporal a todos os filhos que a ela recorriam: graças de conversão, de conforto na aflição, de saúde na doença, de esperança no desânimo, de proteção contra a proliferação de graves epidemias e invasões de forças inimigas.

Foram essas invasões que causaram a destruição da capela primitiva onde o quadro de Nossa Senhora era venerado.

A partir do século V, esse lugar de culto assumiu maior importância para a população local e a igreja foi ampliada até se tornar no século XI uma verdadeira abadia. O santuário de Nossa Senhora da Consolata, de estilo românico sofreu várias modificações durante os anos 1700, que o transformaram num templo barroco.

 

O culto de Nossa Senhora da Consolata está também ligado à história do quadro da Virgem, que depois de muitas vicissitudes que o viram aparecer e desaparecer ao longo dos anos, terá sido finalmente encontrado em 20 de junho de 1104. Diz a lenda que a um certo João Ravache, um cego de Briançon, nos Alpes franceses, foi revelada em sonho a localização de um quadro de Nossa Senhora. Uma vez recuperado o ícone, o cego teria recuperado a vista. O ícone encontra-se de facto na cripta deste santuário, mas, segundo estudos mais recentes não é o quadro original.

 

Mas o certo é que a cura do cego de Briançon, operada pela intercessão de Nossa Senhora da Consolata, foi uma graça extraordinária para Turim. A descoberta do quadro de Nossa Senhora despertou uma primavera de fervor na comunidade de Turim e do Piemonte.

Nos séculos seguintes, o culto de Nossa Senhora da Consolata foi restaurado e fortalecido até aos nossos dias. O santuário foi recebendo ao longo dos anos vários melhoramentos, o último dos quais foi levado a cabo pelo beato José Allamano, fundador do Instituto Missionário da Consolata, que foi reitor desse Santuário durante 46 anos.

 

 

José Allamano

O beato José Allamano nasceu a 21 de janeiro de 1851, numa terra fecunda em homens santos – Castelnuovo d’Asti, hoje Castelnuovo Don Bosco – na região do Piemonte, norte de Itália. Educado nos primeiros anos pela mãe, Maria Ana Cafasso, irmã de São José Cafasso, entra muito cedo no oratório de Turim. Dom Bosco quere-o salesiano, mas ele opta pelo seminário diocesano. Foi ordenado sacerdote em 1873 e logo a seguir colocado como diretor espiritual do seminário maior. Durante esses anos obtém o doutoramento e a agregação à Faculdade de Teologia de Turim.

 

Em 1880 foi nomeado reitor do santuário de Nossa Senhora da Consolata em Turim, onde  serviu a Igreja durante 46 anos. Compreendendo claramente que todo o sacerdote é missionário e constatando a abundância de clero nas dioceses do Piemonte, fundou o Instituto Missionário da Consolata em 29 de janeiro de 1901. Em 1910 fundou o Instituto das Irmãs Missionárias da Consolata.

 

Faleceu em 16 de Fevereiro de 1926 e foi beatificado por João Paulo II em 7 de outubro de 1990.

 

A sua vida e a sua obra, como reitor do santuário da Consolata e como fundador de famílias missionárias, foram totalmente iluminadas e marcadas pela presença e pelas atitudes de Maria, a quem atribuía o êxito do seu serviço apostólico na Igreja local e na Igreja missionária.