Texto: Juliana Batista
Quase 50 pessoas de diversos pontos de Portugal, com idades compreendidas entre os 17 e os 55 anos, vão partir em missão no próximo verão. Os voluntários estudam ou trabalham em áreas como a medicina, enfermagem, psicologia, informática, educação básica, serviço social, e contabilidade. Os grupos serão acompanhados por uma Leiga Missionária da Consolata, uma irmã missionária e vários sacerdotes missionários da Consolata, assim como por chefes de escuteiros. Os voluntários ligados àquela congregação vão deslocar-se para cinco pontos de África. Uns vão para Oudja, em Marrocos, e outros para Empada, na Guiné-Bissau. Em Moçambique, haverá grupos em Massinga, Funhalouro e Boroma.
Apoio a refugiados
Um grupo do norte de Portugal partirá em missão para Oujda, em Marrocos, junto da fronteira com a Argélia. De 16 a 30 de agosto, estes voluntários vão viver com os padres Missionários da Consolata, na paróquia de Saint Louis. “O foco da nossa missão é a reconstrução de um dormitório e casa de banho para os refugiados que a missão em Oujda acolhe todos os dias. Desde as recentes guerras e crises nos países africanos, tem aumentado o número de refugiados a chegar à missão. Por ano, chegam a Oujda entre 1000 a 2000 pessoas. Este é, por norma, o último lugar em África antes das perigosas travessias que são feitas no Mar Mediterrâneo para chegar à Europa”, explica Maria Fernandes, uma das voluntárias, em declarações à FÁTIMA MISSIONÁRIA.
O grupo tem participado em diversas formações, de maneira a preparar-se para o cenário que vai encontrar, e tem levado a cabo ações de angariação de fundos. A verba reunida será canalizada para a “reconstrução de dormitórios e casas de banho”, indica Maria, adiantando que o valor do projeto que têm em mãos “é de 20 mil euros”, sendo que no início desta iniciativa, foram entregues ao grupo “quatro mil euros para a compra de material para a reconstrução de dormitórios e casas de banho, e 46 quilos de roupa quente”, que entretanto já chegou ao destino.
Paula Santos e Noémia Dias estão entre as voluntárias do grupo, que aguardam com grande expetativa o dia da partida. “O projeto não é de todo fácil e o que me preocupa mais é a minha parte emocional. Espero estar à altura do que me foi pedido”, disse Paula. Noémia acredita que a experiência a levará a conectar-se “profundamente com os outros” e consigo, e espera conseguir “fazer a diferença” na realidade que encontrar. Este grupo tem como nome “Oujda – Um refúgio no caminho”, e a sua atividade pode ser acompanhada no Facebook e Instagram.
Reabilitação de escola
Um outro grupo do norte de Portugal vai estar em missão ao longo do mês de agosto em Empada, na Guiné-Bissau, onde ficará alojado na casa das Irmãs Missionárias da Consolata. “Vamos reabilitar um jardim-de-infância, chamado Escola Jardim Consolata, frequentado por cerca de 100 crianças, na sua maioria de famílias pobres ou órfãos, que são incapazes de pagar pela sua educação. A reabilitação será nas salas de aula, refeitório, casas de banho e muro da escola”, explica Cláudia Duarte, Leiga Missionária da Consolata, e animadora do grupo.
Os voluntários levam a cabo ações de angariação de fundos, que incluem um concerto e um jantar solidário. “O dinheiro reunido será usado para a reabilitação das salas de aula, refeitório, casas de banho e muro da escola”, refere Cláudia, adiantando que o grupo já enviou “dinheiro para Empada para a preparação de material para a reabilitação”.
Tânia Pais e Margarida Xavier fazem parte deste grupo. “Partir em missão traz-me um misto de sentimentos e uma alegria profunda. O desejo de uma aventura destas vive em mim desde sempre. Vai ser uma experiência única. Imagino o impacto que terá cada projeto que levaremos a cabo, e de como iremos fazer a diferença na vida de alguém. Bastará uma pessoa, para nunca ter sido uma viagem em vão. O que realmente me importa é o que eu poderei mudar na vida do outro. Virei de coração cheio”, acredita Tânia. Margarida sente-se sensibilizada por toda a solidariedade envolvida. “Tem sido muito gratificante sentir que as pessoas querem ajudar-nos e que contribuem para o sucesso do nosso projeto. Já sinto que tem valido a pena e ainda nem apanhei o avião”, realça a voluntária. Este é o grupo “Crescer na Guiné”, e a sua experiência pode ser conhecida no Facebook e Instagram.
Visitas e reconstrução de teto
Voluntários da região da grande Lisboa vão em missão para Moçambique em agosto. Uma parte do grupo ficará em Funhalouro, e outra parte em Massinga. Ficarão alojados na casa das Irmãs Missionárias da Consolata. “Em Funhalouro estão previstas visitas ao centro de saúde, e às famílias. Haverá trabalho com jovens, crianças e famílias nas catequeses da comunidade. O principal projeto será a construção da estrutura de uma sala para a escolinha. Em Massinga, será feita a reabilitação dos espaços da escola das crianças. Haverá pastoral junto da comunidade, visitas ao hospital, lar de idosos, e ao ensino escolar. O principal projeto será a reconstrução do teto no centro de acolhimento de meninas. Além destas missões, duas ou três pessoas na área de informática irão apoiar as irmãs na escola da informática”, explica Catarina Guerra, animadora do grupo.
O grupo tem estado envolvido em formações e angariações de fundos, com vista à sua partida em missão. Rodrigo Nunes é um dos voluntários deste grupo. “Estou curioso para passar por esta vivência. Acredito que fazer esta experiência vai mudar muito a forma como penso e acho que estarmos integrados numa cultura diferente pode ser uma oportunidade única para aprender coisas que não conseguiríamos em mais lado nenhum.” A atividade deste grupo, denominado “Missão Etu”, pode ser acompanhada no Facebook e Instagram.
Construção de creche
Voluntários de Fátima e Mira de Aire, uma vila do município de Porto de Mós, vão estar em missão de 23 de julho a 24 de agosto em Boroma, na província de Tete, em Moçambique, e também ficarão a pernoitar na casa de uma congregação de irmãs. “Durante o período de voluntariado, estaremos envolvidos na construção de uma creche que irá acolher aproximadamente 100 crianças por ano, com idades entre os três e os cinco anos. O nosso principal objetivo será a edificação de instalações sanitárias para a creche e a criação de um parque infantil. Além disso, iremos prestar apoio ao centro de saúde local e dar explicações de matemática, inglês e outras disciplinas numa escola associada à missão”, explica Artur Gomes, um dos animadores do grupo, detalhando alguns dos aspetos da missão que estão a ser planeados.
“O grupo tem estado a preparar-se para a missão desde outubro do ano passado, realizando angariações e outras ações de divulgação. Estamos a planificar o plano pedagógico com o auxílio de professores e educadores desta faixa etária em Portugal, bem como a solicitar apoio para material pedagógico e médico a ser levado e deixado na missão. Os fundos angariados serão destinados à construção da creche. Como também temos membros ligados às artes, é nossa intenção tornar o espaço interior mais convidativo à aprendizagem através de pinturas relacionadas com conteúdos pedagógicos”.
Entre os voluntários estão Vitória Filipe e Leonardo Gomes, que integram o Grupo 276 – Escoteiros de Mira de Aire. Vitória considera que esta missão poderá mudar a forma como vê o mundo. “Estou muito feliz de fazer e viver esta experiência enquanto escoteira. Sinto-me um pouco ansiosa. Nunca estive tanto tempo fora da minha zona de conforto, mas vou para fazer o bem, e quero muito ir. Estou a esperar uma experiência transformadora. De certeza que me vou apaixonar pela experiência e pelas pessoas”, afirma.
Leonardo é outro dos voluntários, que acredita que a missão em Boroma será um marco na sua vida. “Esta é uma oportunidade única. Sei que vamos enfrentar algo que nos vai marcar profundamente, mas não estou nervoso, estou apenas extremamente motivado. Tenho-me esforçado por contribuir o máximo possível, sabendo que as experiências e conhecimentos que iremos adquirir superarão em muito o que poderemos oferecer. Não tenho dúvidas de que esta será uma experiência incrível, que marcará a minha vida, de uma maneira que nunca aconteceu antes. Estou pronto para ajudar!” A experiência deste grupo pode ser acompanhada no Facebook e Instagram, através das páginas dos Escoteiros de Mira de Aire e Consolata Jovem.