2 de junho de 2024
Dt 5, 12-15; 2 Cor 4, 6-11; Mc 2, 23.3, 6
“Não podemos viver sem o Domingo”
1. Os textos da liturgia do 9.º Domingo do Tempo Comum convidam-nos a refletir sobre a celebração do Dia do Senhor, sábado para os judeus, domingo para os cristãos, fazendo memória da ação criadora e redentora de Deus para com o seu Povo.
O texto evangélico é composto por dois episódios que colocam Jesus em confronto com a instituição do sábado judaico: os discípulos que colhem espigas para comer e Ele próprio que na sinagoga cura um homem com uma mão atrofiada. Dois gestos proibidos pela lei judaica em dia de sábado. Jesus é uma pessoa livre. Não receia ir contra a instituição do sábado, colocando-a no devido lugar. Ele ensina os seus ouvintes na sinagoga que há uma prioridade, as necessidades humanas, mesmo em relação ao sagrado: isto vale para a fome dos discípulos diante do sábado que é sagrado e para a cura do homem com a mão atrofiada diante da instituição de sábado. Em ambos os momentos Jesus escolheu colocar as pessoas perante a lei. Jesus não retira qualquer importância ao sábado, enquanto dia consagrado a Deus, mas orienta-o para o seu verdadeiro sentido, uma vez que “o sábado foi feito para o homem e não o homem para o sábado”.
2. Quer isto dizer que o sábado para Jesus deve estar sempre ao serviço do homem, para fazer bem e salvar a vida; se, de facto, Jesus é o senhor do sábado, é para o recolocar ao serviço do homem e da salvação da vida. É importante saber que as leis não podem ser para nós uma prisão, mas devem estar ao serviço do bem e da salvação da vida humana e as instituições, sejam elas religiosas ou civis, devem estar ao serviço da vida humana, para que possam realizar a missão para a qual nasceram.
3. Para nós cristãos é o Domingo o dia sagrado por excelência. Desde o início do cristianismo, o Domingo recebe um significado especial. Porquê’? Desde os tempos apostólicos, os cristãos reuniam-se não no sábado, mas no domingo, dia da Ressurreição de Cristo, para celebrar o mistério pascal. Daí o nome DOMINGO, que quer dizer “Dia do Senhor”.
Há uma carta de São Justino mártir ao imperador romano, em meados do século II, que nos mostra a amplitude que pouco a pouco o Domingo foi adquirindo nas consciências: “reunimo-nos todos no dia do Sol, não só porque foi o primeiro dia em que Deus, transformando as trevas e a matéria, criou o mundo, mas também porque neste mesmo dia Jesus Cristo, nosso Salvador, ressuscitou dos mortos”.
É um dia em que o Senhor fala especialmente a seu Povo, através das leituras que são proclamadas para fazer memória do mistério da paixão e morte de Jesus.
“Não podemos viver sem o Domingo”, diziam os antigos mártires de Abitínia (Tunísia). A Igreja concretizou esta necessidade no preceito de participar da Missa aos domingos e outras festas de preceito. Mais do que um preceito é porém uma necessidade para fortalecer a nossa fé com a Palavra de Deus, alimentar-nos com o pão da vida e professar a nossa fé em Jesus com toda a comunidade cristã. Saindo da Eucaristia devemos ser diferentes: mais amigos uns dos outros e partilhar os bens que Deus nos concedeu através das obras de misericórdia.
Darci Vilarinho