Liturgia do 33º Domingo Comum – Ano A

19 de novembro de 2023
Prov 31, 10-31; 1Tes 5, 1-6; Mt 25, 14-30

 

Que fizeste da tua vida?
1.“Um homem, ao partir de viagem, chamou os seus servos e confiou-lhes os seus bens… a cada um conforme a sua capacidade”. A seu tempo, esse mesmo senhor voltou para pedir contas daquilo que lhes entregara. Que ensinamento nos vem desta palavra anunciada por Jesus? Todos somos “negociadores” dos talentos de Deus. Nas partilhas que Deus fez connosco couberam-nos dons inimagináveis de natureza e graça. De que modo é que lidamos com eles? Como é que os que fazemos render? Que influência tem a minha vida no andamento do mundo, da Igreja ou da porção de responsabilidade que me foi confiada? Como cristãos, que bem conhecem donde partiu a sua vida e para onde é que ela vai, temos responsabilidades acrescidas na condução deste mundo.

 

2.Que fizeste da tua vida? Perguntar-nos-á um dia o Senhor. As contas de Deus são exames do amor, pelo qual seremos avaliados no fim dos nossos dias. Para o Evangelho, a vida do cristão é uma missão. Há sempre que fazer para aqueles que querem gastar o próprio tempo e as próprias capacidades no serviço de Deus e do próximo. O fenómeno moderno do “voluntariado”, que exalta a gratuidade e a generosa doação das nossas energias e do nosso tempo aos outros, é um dos sinais mais belos de uma consciência nova que está a crescer. Somos todos “voluntários de Deus” dispostos a gastar o nosso tempo pelas causas mais sublimes.
Há certamente quem privilegia o divertimento, o consumismo ou a vida fútil, no modo de gastar o seu tempo. Mas há também quem faz do seu tempo um instrumento precioso para fazer o bem, seja a quem for e seja onde for. Não podemos ser cofres fechados que guardam para si próprios os tesouros que nos foram confiados. Somos contentores de dons preciosos para fazer crescer e distribuir. Quanto bem poderíamos fazer, se os cofres da nossa vida se abrissem em ações benfazejas.

 

3. «Nunca afastes de algum pobre o teu olhar» (Tb 4.7),
Neste penúltimo domingo do tempo comum, o Papa Francisco pede-nos que olhemos para os mais esquecidos das nossas sociedades: os pobres. «Nunca afastes de algum pobre o teu olhar» (Tb 4.7), recomenda-nos o Papa citando uma passagem do Livro de Tobite, um texto pouco conhecido do Antigo Testamento, mas eloquente e cheio de sabedoria: “Mais uma vez, infelizmente, temos de constatar novas formas de pobreza que se vêm juntar às outras descritas já anteriormente. Penso de modo particular nas populações que vivem em cenários de guerra, especialmente nas crianças privadas dum presente sereno e dum futuro digno. Ninguém poderá jamais habituar-se a esta situação; mantenhamos viva toda a tentativa para que a paz se afirme como dom do Senhor Ressuscitado e fruto do empenho pela justiça e o diálogo.
Não posso esquecer as especulações, em vários setores, que levam a um aumento dramático dos preços, deixando muitas famílias numa indigência ainda maior. Os salários esgotam-se rapidamente, forçando a privações que atentam contra a dignidade de cada pessoa. Se, numa família, se tem de escolher entre o alimento para se nutrir e os remédios para se curar, então deve fazer-se ouvir a voz de quem clama pelo direito a ambos os bens, em nome da dignidade da pessoa humana.” (Papa Francisco).

 

Darci Vilarinho