Liturgia do Domingo 2º Domingo da Páscoa – Ano A

16 de abril de 2020
Act 5, 12-16; Ap 1, 9-19; Jo 20, 19-31

 

Com as portas fechadas
“Na tarde daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas as portas da casa onde os discípulos se encontravam, com medo dos judeus, veio Jesus, colocou-Se no meio deles e disse-lhes: «A paz esteja convosco»”.

 

1. “Estando fechadas as portas” – Felizmente este ano, já podemos celebrar a Páscoa de portas abertas e não de portas fechadas como aconteceu no ano passado, por causa da pandemia. É preciso olhar para o mundo e amá-lo com os olhos e o coração de Deus. Jesus não quer que as portas do nosso coração estejam fechadas. Quer que abramos o coração à misericórdia de Deus e a cada irmão que vive ao nosso lado. Jesus está no meio de nós, no meio das nossas situações para nos iluminar e encorajar na luta de cada dia. Que Ele nos conceda a sua Paz.

 

2. “Jesus veio colocar-se no meio deles” – Quer dizer: no meio dos Apóstolos reunidos no cenáculo. Assim hoje no meio de nós. Foi para isso que ressuscitou: para formar um povo unido à sua volta, convocado e enviado a anunciar a sua Ressurreição. A Igreja é a assembleia festiva que torna presente, celebra, anuncia e proclama a Ressurreição do Senhor. Tomé não estava com eles e por isso não acreditou. A fé nasce desta presença viva de Jesus entre os irmãos. É viver como Cristo vive, é estar onde Ele está, é estar em comunhão com toda a Igreja, é acreditar no que Pedro acredita. “Vimos o Senhor”. A partir de agora, para acreditar como Tomé, tenho que tocar Cristo e entrar em relação pessoal com Ele. Tocar-lhe as chagas, cair de joelhos e professar: Meu Senhor e meu Deus.

 

3. “Cada vez mais gente aderia ao Senhor pela fé”, narram os Atos dos Apóstolos na 1ª leitura deste 2º Domingo da Páscoa. As pessoas aderiam pela força de Cristo Ressuscitado, presente entre os Apóstolos. Pelo testemunho da comunidade dos seguidores de Jesus. Hoje, como ontem, é necessário que mais gente adira ao Senhor. Pela graça de Cristo Redentor, pela nossa comunhão com Ele, pelo anúncio missionário que fazemos, mas também pelo testemunho da nossa fé e da nossa esperança e por todos os gestos de bem-fazer.

 

4. “Dai graças ao Senhor, porque Ele é bom, porque a eterna a sua misericórdia”, rezamos nós, neste Domingo, com o salmo responsorial. É o Domingo da Misericórdia. Detenho-me no gesto do Mestre, que transmite aos discípulos receosos e admirados a missão de serem ministros da Misericórdia divina. Soprando sobre eles, Jesus confia-lhes o dom de “perdoar os pecados”, dom que brota da ferida do seu lado trespassado: uma vaga de misericórdia para toda a humanidade. Recordo que o Domingo da Misericórdia foi instituído por João Paulo II, que beatificou e canonizou a Irmã Faustina Kowalska, que tinha recebido de Jesus o encargo de difundir no mundo esta devoção. Leia-se o seu “Diário”. Excelente! Esta é mais do que uma devoção, é o caminho do Evangelho vivido em cada Páscoa: a misericórdia, a reconciliação e a paz dos corações. João Paulo II, faleceu, precisamente no dia 2 de abril de 2005. E eu estava lá nessa noite, rezando com a multidão na Praça de São Pedro. Era o sábado, vigília do dia da Divina Misericórdia. Deus lá sabe porquê. E foi canonizado pelo Papa Francisco precisamente no Domingo da Misericórdia. De certeza que não são só coincidências.

 

Darci Vilarinho