Liturgia do 22º Domingo Comum – Ano C

28 de agosto de 2022
Sir 3, 19-31; Heb 12, 18-24; Luc 14, 1-14

 

E os excluídos?

“Quando ofereceres um banquete, convida os pobres, os aleijados, os coxos e os cegos; e serás feliz por eles não terem com que retribuir-te: ser-te-á retribuído na ressurreição dos justos”.

 

1. Anda o mundo em confusão, com critérios e valores à deriva. A vida de hoje, para muita gente, é corrida louca às alturas do poder e do dinheiro, ultrapassando leis e pessoas, a qualquer preço.
Na vida, diz-nos Jesus, procura contentar os outros mais do que a ti mesmo. Sê modesto na avaliação dos teus méritos, deixa que sejam os outros a reconhecê-los, porque ninguém é juiz em causa própria, e Deus te exaltará. Te exaltará na sua graça e te fará subir na escala dos seus verdadeiros discípulos, que é a única coisa que conta, na verdade. Crescerás sim, mas aos olhos de Deus. A humildade é a virtude que nos torna conscientes da verdade do nosso ser como pessoas e filhos de Deus. O humilde reconhece que tudo o que é vem de Deus. Aos humildes ninguém resiste. Todos se dobram perante a força invencível do seu desprendimento.

 

2. Vivemos numa sociedade que tem absoluta necessidade de escutar esta mensagem evangélica sobre a humildade. Correr e ocupar os primeiros lugares, passando talvez, sem escrúpulos, sobre a cabeça das pessoas, trucidando os mais pequenos, são atitudes seguidas por muita gente. O Evangelho tem um impacto social, até quando fala de modéstia e de humildade. “Tu, vai para o último lugar”, diz-nos Jesus. O último lugar é o melhor, porque foi o lugar de Cristo. É o lugar de quem serve e dá a vida pelos outros. Não é o lugar que eleva o homem, mas o homem que eleva o lugar.

 

3. Depois da palavra dirigida aos convidados, Jesus dirige-se ao dono da casa que o convidou: “Quando deres um banquete, não convides os amigos ou os vizinhos ricos, mas os pobres”. Convidar sempre e somente os parentes e os amigos seria um amor interesseiro, com uma conceção fechada da própria vida. Eu convido-te hoje, mas amanhã convidas-me tu. E os pobres serão sempre os excluídos. O Evangelho propõe-nos uma fraternidade com duas características bem precisas: a gratuidade e a universalidade. Deves dar também àqueles de quem não esperas nada em troca. Jesus está a pensar na sua futura comunidade, como lugar de hospitalidade para todos os excluídos. É o ensinamento que Jesus deixou a todos no sermão da montanha: se amais somente os que vos amam, que mérito tendes? Não fazem assim também os que não acreditam? “Sede misericordiosos como o Pai do Céu é misericordioso”. Foi o amor misericordioso a fazê-lo descer do Céu à terra. Foi esse amor que o levou pelas estradas da Palestina a procurar os doentes, os pecadores e os deserdados da vida. Foi esse mesmo amor que o levou até ao Calvário, onde se fez “obediente até à morte e morte de Cruz”. É esta a sua exaltação, porque é a máxima humildade: dar a vida por aqueles que se ama. “Quem se humilha será exaltado”.

 

Darci Vilarinho