Liturgia da Páscoa da Ressurreição – Ano C

17 de abril de 2022
At 10, 37-43; Col 3, 1-4; Jo 20, 1-9

 

ELE ESTÁ VIVO!
1. “No primeiro dia da semana, estando fechadas as portas da casa onde os discípulos se encontravam, com medo dos judeus veio Jesus e colocou-se no meio deles, dizendo:
«A paz esteja convosco»”. É o primeiro dom da Páscoa. A paz nos corações e a paz no mundo inteiro também podem coexistir com o sacrifício e a tribulação, mas não com o pecado.
Olho para a situação do nosso mundo onde não faltam sacrifícios e tribulações, mas onde infelizmente domina o pecado social e coletivo. Veja-se a situação da guerra violenta, insensata e sacrílega da Rússia contra a Ucrânia: é o domínio do pecado que só traz violências e as atrocidades mais incríveis.

 

2. “Se ressuscitastes com Cristo, aspirai às coisas do alto… Afeiçoai-vos às coisas do alto e não às da terra”, pede-nos São Paulo na 2ª leitura deste dia. Libertar-nos de todas estas violências e de todo o pecado que são coisas da terra e afeiçoar-se às coisas do alto, é viver com o espírito do Ressuscitado.
Quer dizer então que na Páscoa de Cristo celebro a minha própria Páscoa. Deixo as ligaduras do homem velho para viver à imagem do homem novo. Abro a porta da minha casa ao Ressuscitado para que Ele entre e transforme a minha vida. Porque de facto a Páscoa é passagem da morte à vida, do egoísmo à solidariedade, do homem velho ao homem novo. Se ainda estamos demasiado agarrados a nós próprios, ela poderá ser uma boa ocasião para nos libertarmos das nossas próprias ligaduras, pondo a nossa vida ao serviço uns dos outros tal como fez o nosso Mestre.

 

3. O anúncio da Páscoa começa com uma corrida. Todos correm: Maria Madalena corre a avisar Simão Pedro e João, o discípulo amado, que roubaram o corpo de Jesus. Juntos correm em direção ao túmulo.
Porque será que todos correm na manhã de Páscoa? Porque tudo o que se refere a Jesus apaixona esses discípulos. A Páscoa convida-nos a acordar, a não perder tempo, a correr! Convida-nos a despertar a nossa fé e a procurar Jesus. Os dois discípulos veem e acreditam.
A Igreja é a comunidade dos que acreditam em Cristo ressuscitado, dos que seguem o seu estilo de vida e que por isso gozam da sua presença. Quem vive assim há de forçosamente dar frutos que se exprimem na comunhão de bens e de ideais e na consequente vida fraterna. De alegria estampada no rosto, os primeiros cristãos atraíam outros para a vida da comunidade. E a Igreja crescia em amor e louvor. Era uma vida que falava. Era uma fé que arrastava. Não há outro caminho para fazer crescer as nossas comunidades de vida e de fé.
Mais ainda: quem recebe o corpo de Cristo na Eucaristia deposita em si desde já uma semente de eternidade. “Quem comer deste Pão viverá para sempre”. Já aqui neste mundo podemos então viver como ressuscitados, se nos alimentamos e vivemos da Palavra de Deus e comungamos o seu corpo.

 

4. É verdade que há tanto mal que desencaminha o nosso mundo, mas quero ser otimista. Olho em redor e vejo frutos da Páscoa. Vejo gestos de bem-fazer, vejo generosidade sem limites, vejo acolhimento que brota de corações amigos, vejo sementes de fraternidade e tantos gestos de paz. São frutos da Páscoa de Cristo que poderemos fazer germinar por esse mundo fora. A paz, sobretudo, é uma enorme prenda da Páscoa. É uma dádiva do Ressuscitado. Ele está vivo e nos dá a sua Paz: a paz do coração, a absoluta certeza de sermos por Ele amados e perdoados e, portanto, de poder amar e perdoar, e viver naquela harmonia profunda que só Deus nos pode conceder. A TODOS UMA SANTA PÁSCOA!

 

Darci Vilarinho