A visita canónica que o superior e o vice-superior geral do Instituto Missões Consolata (IMC) acaba de fazer à Região Europa (Itálía, Polónia, Espanha e Portugal) termina com um apelo: “não sermos funcionários da missão” mas “testemunhas vivas” da espiritualidade e do carisma que continuam a receber de Allamano e da Consolata, hoje, na Europa
Albino Brás (texto) Ana Paula (foto) – 18 de fevereiro 2022
O encontro de encerramento da visita canónica que o superior geral do IMC, P. Stefano Camerlengo e o vice-geral P. James Lengarim fizeram à Região Europa (8 janeiro a 15 fevereiro), aconteceu no dia da festa litúrgica do Beato Allamano – fundador dos Missionários e das Missionárias da Consolata -, 16 de fevereiro, em Fátima.
O encontro foi presencial e contou, num primeiro momento, com os membros das seis comunidades do IMC Portugal e mais tarde, via digital, com os missionários das outras circunscrições do IMC na Europa.
O superior da Região Europa, padre Gianni Treglia, deu as boas vindas a todos e manifestou profunda alegria por “finalmente podermos estar juntos de forma presencial”, devido à pandemia, e num encontro que é mais que tudo um “celebrar a fraternidade”.
Padre Stefano Camerlengo começou por agradecer o espírito de família que tanto o padre James Lengarim (vice superior geral) como ele sentiram em cada comunidade que foi visitada. Os dois repartiram as vistas e estiveram em comunidades diferentes, juntando-se no final todos em Fátima, juntamente com outros membros das direções geral e regional do IMC).
No encontro com os missionários da Região Europa, o superior geral ressaltou alguns aspetos a considerar. Alguns são fortalezas, e outros, debilidades, mas que “não nos devem fazer desanimar”, disse, confiante.
Camerlengo constata que no IMC em Portugal ainda se pode encontrar algo que noutros países já não existe. Aqui, ainda existem grupos de leigos, amigos, zeladoras, jovens de voluntariado missionário e outros grupos que noutros países da Europa foram definhando ou já não existem mesmo. “É muito importante não perder isto”, desafiou. Além disso, o IMC PT deu e continua a dar muito ao mundo: missionários para as missões, ajuda financeira, financiamento de projetos, entre outros. Valoriza também que todas as comunidades que visitou em Portugal têm um Projeto Comunitário de Vida e têm momentos comunitários de oração.
Definir bem a identidade de cada comunidade
Referiu depois outros aspetos “que o fundador também queria”: acompanhar, valorizar e cuidar dos idosos, por exemplo. Neste sentido, o superior geral convida os missionários “a aprender a envelhecer”, a “não perderem o entusiasmo”, e a que se dê mais responsabilidade e mais espaço aos missionários mais jovens, especialmente aos que trabalham na Animação Missionária e Vocacional (AMV), onde se requerem novos métodos, caminhos novos, além de uma maior disponibilidade e criatividade, procurando romper o “sempre foi assim”, que muitas vezes os mais idosos colocam como critério limitativo e condicionador. Além disso, é preciso dinamizar o que já existe. “Temos centros missionários importantes, como o de Águas Santas, Fátima e Cacém, e “é preciso dinamizá-los mais, com propostas significativas, num trabalho feito em equipa e animados por um projeto missionário bem definido na linha da AMV”, pediu o padre Stefano.
Constatando que a nova Região Europa é um projeto que ainda está em construção, e com muitas lacunas, nomeadamente no campo da comunicação e relação entre missionários, comunidades e circunscrições que conformam a Região Europa. o superior geral sugere que se trabalhe mais em conjunto, que se criem mais laços de trabalho entre todos e que as diferentes comissões que se foram criando em várias áreas da nossa missão na Europa procurem envolver mais toda a Região. Além disso, “como o superior regional não pode estar em todo o lado”, dado que as comunidades são muitas, pede-se que “se valorize mais e se reforce o papel dos superiores locais”, de cada comunidade, que “com o tempo se foi perdendo”. E deixa uma proposta concreta: “Que se crie na região Europa um conselho de superiores locais”, que seriam até mesmo “de grande ajuda para o conselho regional”.
Padre Stefano considera também que se defina melhor a identidade de cada uma das comunidades locais, e que é com base na identidade dessas comunidades locais que se deve construir depois o projeto missionário; além de que deste modo se ganha também mais autonomia para o realizar.
“Um caminho a fazer juntos”
Alguns destes aspetos, que foram partilhados num primeiro momento com os missionários do IMC Portugal foram refletidos também à tarde com os missionários das outras circunscrições da Região Europa, coligados em direto, via Zoom, a partir de Fátima. Padre Stefano disse que, apesar das dificuldades e problemas que existem, notou – nesta visita canónica à Região Europa que agora termina -, que se percebe que há “um caminho que se quer fazer juntos”, porque “há muita vontade de trabalhar e resolver problemas”. Neste sentido, defende que, apesar da falta de vocações e também da busca de uma maior definição da nossa missão ad gentes na Europa, o IMC tem, neste continente, ainda muito para dar ao mundo. “Aqui temos os lugares históricos e de memória do fundador e da fundação, o Santuário da Consolata; financiamento de projetos nas missões, adoção à distância, benfeitores que ajudam os missionários e a missão onde trabalham; acolhimento e acompanhamento de missionários que vêm da missão, entre muitos outros sinais de missão na Europa”. E prosseguiu dizendo que “ se tem feito boa missão neste continente”. “Há algumas presenças na Europa, como o trabalho com os imigrantes, comunidades nas periferias, que têm sido bons indicadores de missão!”, acrescentou.
Apesar do manifesto envelhecimento do IMC na Europa, o superior geral enaltece a resiliência dos missionários, o não baixar os braços: “Dos mais velhos aos mais jovens, todos os missionários têm ainda vontade de trabalhar, de se gastarem por algo que vale a pena”.
Carta à Região IMC Europa
Na homilia da missa a que presidiu, na capela Consolata, em Fátima, na festa litúrgica do Beato José Allamano, o padre Stefano Camerlengo disse que o fundador “não é um monumento” mas que “está vivo na nossa vida e missão”, também no Continente Europeu. Uma mensagem bem inspiradora no encerramento desta visita canónica.
Em tempo será enviada uma Carta final à Região Europa com as conclusões e orientações que emanam dos encontros com todos os missionários e comunidades desta região, no período da visita canónica. O conteúdo dessa carta foi pensado em conjunto num encontro entre a Direção Geral e a Direção Regional Europa do IMC que teve lugar no dia 17, na Consolata, em Fátima.
Visita canónica. O que é?
Uma Visita Canónica deve ser realizada a cada sexénio e tem como finalidade renovar o sentido e a qualidade da vida consagrada e da identidade carismática dos missionários e respetivas comunidades. É ocasião de encontro, revisão, análise dos problemas, momento de reflexão e de renovação. Cada missionário, cada comunidade e cada Circunscrição vivem esta visita canónica como um momento de partilha da vida, das atividades e dos caminhos da missão, agradecendo ao Senhor pelo bem feito, com a sua graça e a generosidade dos missionários, e para empreender novas iniciativas e dinâmicas destinadas a melhorar os aspetos mais fracos.
A visita canónica à Região IMC Europa decorreu entre os dias 6 de janeiro e 15 de fevereiro. Os visitadores percorreram todas a comunidades IMC de Espanha, Itália, Polónia e Portugal, último país a ser visitado (10 a 15 de fevereiro). O dia 16, Dia do Beato José Allamano, foi dia de celebração e encontro em Fátima entre as duas direções (geral e regional) com o grupo IMC Portugal e depois, via Zoom, com toda a Região Europa, altura em que se fez um balanço desta visita e se deixaram algumas orientações para o presente e futuro da Região Europa. No entanto, esta visita encerra simbólicamente com a Peregrinação da Família Consolata a Fátima, que decorre no próximo dia 19 de fevereiro sob e presidência do superior geral, padre Stefano Camerlengo. Uma Peregrinação ainda bastante limitada na participação dos fiéis por causa o impacto da atual pandemia Covid-19.
Os missionário da Consolata que estiveram presentes em Fátima neste dia 16 de fevereiro vieram das seis comunidades que este instituto religioso missionário tem atualmente em Portugal: Palmeira, Águas Santas, Fátima, Lisboa, Bairro do Zambujal e Cacém. Com eles esteve o superior geral da congregação, padre Stefano Camerlengo, o superior da Região Europa, padre Gianni Treglia, e quase todos os membros das duas Direções (Geral e Regional).