24 de outubro 2021
Jer 31, 7-9; Heb 5, 1-6; Mc 10, 46-52
Que queres que Eu faça por ti?
“Jesus perguntou ao cego: «Que queres que Eu te faça?» O cego respondeu-lhe: «Mestre, que eu veja». Jesus disse-lhe: «Vai: a tua fé te salvou». Logo ele recuperou a vista e seguiu Jesus pelo caminho”
1. O cego de Jericó torna-se aos nossos olhos modelo ideal e espelho fiel de cada um de nós. Jesus é a luz do mundo, aquela luz que dá cor e calor à nossa vida. Antes de recebermos o dom da fé, também nós éramos cegos e mendigos. Invocámos o nome do Senhor Jesus e esse nome, JESUS, que significa “Deus salva”, libertou-nos das nossas trevas e projectou-nos na luz de Deus. A fé é aceitar a proposta de Jesus. É tornar-se seu discípulo, como Bartimeu que “seguiu Jesus pelo caminho”.
2. O que é ser discípulo de Jesus? É aderir à sua pessoa, acolher os seus valores, viver na obediência aos projetos do Pai. Mas é também, como alguém disse, “fazer da vida um dom de amor aos irmãos; é solidarizar-se com os pequenos, com os pobres, com os perseguidos, com os marginalizados e lutar por um mundo onde todos sejam acolhidos como filhos de Deus, iguais em direitos e em dignidade; é lutar contra as estruturas que geram injustiça, opressão e morte; é ser testemunha, com palavras e com gestos, da verdade, da justiça, da paz, da reconciliação. Quem aceita seguir o caminho do discípulo escolhe viver na luz e está a contribuir para a construção de um mundo novo”.
3. A fé, vista deste modo, não é uma espécie de conhecimento inferior, mas é um “super-conhecimento”, um conhecimento de outra natureza, que permite ao crente conhecer verdadeiramente as coisas do alto, contemplar o que os olhos não viram nem os ouvidos escutaram e olhar com os olhos de Deus para as coisas da terra. O crente é uma pessoa iluminada: vê, para além das aparências, a realidade verdadeira.
É a fé que projecta uma luz nova sobre o mistério da vida e sobre o enigma da história. À luz da fé, a morte não é o fim catastrófico de uma agradável viagem turística por este mundo, mas é a porta que se abre para a felicidade eterna. À luz da fé, a verdadeira grandeza do mundo não é o sucesso ou o poder, mas o amor e o serviço.
Então, esse cego à beira do caminho é a imagem da humanidade que não consegue descortinar a saída para a resolução dos seus problemas. Caminharemos sempre às apalpadelas se não nos valer a luz que vem do alto. Iluminados pela palavra de Deus, poderemos ser os olhos de quem não vê, conduzindo-os para os valores que não perecem.
Neste Dia Missionário Mundial, pede-se um contributo especial a cada um de nós: Acreditar em Jesus nosso Salvador e caminhar juntos em Igreja num CAMINHO SINODAL com a luz do Espírito Santo, estimulando a fé dos que já acreditam e testemunhando a nossa fé junto de quem ainda não recebeu a luz do Evangelho.
4. Que queres que eu faça por ti? Esse Jesus de Nazaré que Se cruzou com o cego cruza-se hoje com cada um de nós e oferece-nos, também a nós, a sua proposta libertadora. “Que queres que eu faça por ti?”, pergunta Jesus a cada um de nós.
Que eu veja, Senhor! Que eu não me feche no meu egoísmo, nem na minha auto-suficiência. Que eu não seja surdo nem cego perante os teus apelos. Que os valores efémeros deste mundo não me distraiam do essencial.
Senhor, que eu veja: O bem a fazer, o mal a evitar, a pessoa a ajudar, a situação a resolver. Precisamos todos desta vista que é a fé que salva para O seguir pelo seu caminho. Andamos por aí às vezes como cegos a guiar outros cegos, sem enxergar um palmo à frente do nariz. Que o Senhor cure a nossa cegueira.
Darci Vilarinho