At 4, 32-35; 1Jo 5, 1-6; Jo 20, 19-31
“Na tarde daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas as portas da casa onde os discípulos se encontravam, com medo dos judeus, veio Jesus, colocou-Se no meio deles e disse-lhes: «A paz esteja convosco»”.
1. “Estando fechadas as portas” – O medo pode paralisar a evangelização e bloquear as nossas energias. O medo não é cristão. Com o medo não é possível amar o mundo, tal como o ama Deus. É preciso olhar para o mundo e amá-lo com os olhos e o coração de Deus. Jesus não quer que as portas do nosso coração estejam fechadas. Com as “portas fechadas” não é possível ver e escutar o que se passa lá fora. Não é possível captar a ação do Espírito Santo no mundo. Não se abrem espaços de encontro e de diálogo. Não há confiança no ser humano, há receios mútuos e preconceitos. Jesus quer as portas da Igreja, as nossas portas, abertas: para poder entrar com o seu Espírito, para nos dar a capacidade de dialogar com todos e levar o anúncio da ressurreição ao mundo inteiro. É a nossa missão.
2. “Jesus veio colocar-se no meio deles” – No meio dos Apóstolos reunidos no cenáculo. Assim hoje no meio de nós. Foi para isso que ressuscitou: para formar um povo unido à sua volta, convocado e enviado a anunciar a sua Ressurreição. A Igreja é a assembleia festiva que torna presente, celebra, anuncia e proclama a Ressurreição do Senhor. Tomé não estava com eles e por isso não acreditou. A fé nasce desta presença viva de Jesus entre os irmãos. É viver como Cristo vive, é estar onde Ele está, é estar em comunhão com toda a Igreja, é acreditar no que Pedro acredita. “Vimos o Senhor”. A partir de agora, para acreditar como Tomé, tenho que tocar Cristo e entrar em relação pessoal com Ele. Tocar-lhe as chagas, cair de joelhos e professar: Meu Senhor e meu Deus.
3. ” A multidão dos que haviam abraçado a fé tinha um só coração e uma só alma, ouvimos na 1ª leitura. Ninguém chamava seu ao que lhe pertencia, mas tudo entre eles era comum. Os Apóstolos davam testemunho da Ressurreição do Senhor Jesus com grande poder e gozavam todos de grande simpatia”. É assim que os Atos dos Apóstolos nos apresentam a comunidade dos primeiros discípulos de Jesus. Que beleza de comunidade! Era uma vida que falava. Era uma fé que arrastava. Havia para todos e a ninguém faltava o necessário. Como estamos longe desse estilo de vida que Jesus e os Apóstolos imprimiram. Hoje, mais do que nunca, precisamos de nos renovar pela graça da ressurreição de Cristo e pela força do seu Espírito.
4. “Dai graças ao Senhor, porque Ele é bom, porque a eterna a sua misericórdia”, rezamos nós, neste Domingo, com o salmo responsorial. Este domingo é chamado Domingo da Misericórdia, que foi instituído por São João Paulo II em 30 de abril de 2000, quando se deu canonização de Santa Faustina Kovalska. Disse na altura este Santo Papa: “É importante que acolhamos inteiramente a mensagem que nos vem da palavra de Deus neste segundo Domingo de Páscoa, que de agora em diante, na Igreja inteira, tomará o nome de ‘Domingo da Divina Misericórdia’” (Homilia, 30 de abril de 2000).
Detenhamo-nos no gesto do Mestre, que transmite aos discípulos receosos e admirados a missão de serem ministros da misericórdia divina. Soprando sobre eles, Jesus confia-lhes o dom de “perdoar os pecados”, dom que brota da ferida do seu lado trespassado: uma vaga de misericórdia para toda a humanidade. Que a minha vida, a tua vida, e a vida de todos os cristãos, à imagem do Senhor Ressuscitado, sejam portadoras de misericórdia para com todos.
Darci Vilarinho