Sab 12, 13-19; Rom 8, 26-27; Mt 13, 24-30
“Deixai que ambos cresçam”. É o que diz o Senhor no Evangelho do 16º Domingo, a quem lhe propõe medidas radicais para extirpar as ervas ruins que estorvam o crescimento da semente. Que extraordinária lição de tolerância nos dá o nosso Deus! Andamos por vezes angustiados com o mal que nos cerca e nos oprime. Gostaríamos que a comunidade cristã fosse perfeita, pura, limpa e sem defeitos. Somos todos chamados a usar a misericórdia de Deus nosso Pai e a vencer o mal com o bem.
Donde vem o joio? – O problema do mal pode parecer escândalo para um mundo criado e guiado pelo nosso bom Deus. Mas Deus não limita a liberdade do homem. É verdade que há forças de persuasão e manipulação que parecem prevalecer, sufocar e semear confusão. Mais do que com o joio, com os defeitos ou fraquezas que sempre haverá, preocupemo-nos em possuir um ideal forte, um amor generoso, uma veneração por todas as forças de bondade, de misericórdia e de liberdade que Deus nos concedeu e que existem no nosso mundo. Se o bem crescer no nosso coração e à nossa volta, veremos que pouco a pouco o joio desaparecerá. Que o Senhor nos dê olhos limpos que saibam ver e amar tudo aquilo que de bem, de belo e de sublime existe no nosso mundo.
“Não condeneis e não sereis condenados” – Há situações no mundo com as quais podemos não concordar. Jesus indicou-as no seu tempo e pediu aos discípulos que estivessem atentos para discernir o que é reto, justo e santo. Não concordo, mas respeito, dizemos tantas vezes. E está certo. Deus não é radical. Ai de nós se o fosse. Ser paciente é o seu jeito de amar, porque não quer a morte do pecador, mas que viva e cresça. “Não condeneis e não sereis condenados”. Que o Senhor nos conceda o seu espírito de paciência, de tolerância e de misericórdia, para amarmos a todos sem distinção e não impormos nada a ninguém.
Um campo de boa semente e joio
Encanta-me a confiança do semeador que fixa o seu olhar sobre as espigas de trigo, mesmo se me identifico facilmente com os servos que cravam a sua atenção no joio, procurando um culpado. Dois modos de olhar que são dois distintos modos de viver e de amar: um olha à beleza e à fecundidade da vida, ao que pode ser pão e fermento de novidade; o outro centra-se nos defeitos, vê as pessoas e o mundo invadidos pelas falhas e divide tudo em categorias de bem e mal, de verdade e erro, de graça e pecado.
A parábola recorda também que no nosso campo não semeia apenas Deus ou nós. Não somos os únicos artífices do mundo e nem tudo depende de nós. Tanto para o bem como para o mal existem condicionamentos, influências, intrusões. Ocorre não procurar culpados, mas zelar pelo crescer e espigar da vida.
Darci Vilarinho