Zac 9, 9-10; Rm 8, 9-13; Mt 11, 25-30
O primeiro domingo de julho abre com esta bela palavra do Evangelho: “Eu te louvo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e aos entendidos e as revelaste aos pequeninos”. Que coisas serão essas? Sem dúvida: os mistérios do reino, o coração do Pai, a bondade de Deus, a comunhão das três Pessoas divinas. São realidades reveladas por Jesus e concedidas a quem tem um coração de criança, capaz de as acolher. O conhecimento que existe entre o Pai e o Filho, o amor mútuo que é a sua vida, tudo isso é concedido aos “infantes”. Aquilo que Deus é por natureza, nós o somos por graça. Os sábios e os espertos deste mundo procuram deuses sapientes e poderosos à sua imagem. Os pequenos encontram em Deus a sua sabedoria e fortaleza.
Qual é afinal a missão do Filho no mundo? É abrir diante dos irmãos e partilhar com eles o seu tesouro, que é a sua vida de Filho no seio do Pai. Com Ele também nós podemos pronunciar essa mágica palavra de Pai, “Abbá!”. Por meio dele, nosso Salvador e Redentor, participamos no diálogo inefável entre o Pai e o Filho. Cada vez que recitamos o Pai-nosso podemos entrar nesse mistério de comunhão. Cada vez que acolhemos a sua palavra mergulhamos na sua intimidade. Não são coisas para descrever. São realidades para colocar no coração, para rezar e meditar.
“Aprendei de Mim”, pede-nos o Senhor. Mas, aprender o quê? A rezar com o seu coração de Filho essa oração de louvor que penetra os céus e suaviza a terra. A amar com a sua compaixão todos aqueles que vivem à margem destas realidades. A anunciar o seu reino lá onde outras forças tentam sufocar o coração das pessoas. A sermos missionários à medida do seu coração generoso e compassivo.
Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração e encontrareis alívio para as vossas vidas. Porque é a mansidão e a humildade de coração que abrem as portas de outros corações. Aprendei de mim a ser verdadeiros filhos de Deus e irmãos uns dos outros: se nos desligamos do Pai, se não vivemos como filhos, inevitavelmente nos tornaremos tiranos ou escravos uns dos outros. No seu coração de Filho, manso e humilde, encontramos a verdadeira liberdade que não esmaga os irmãos nem entra em concorrência, mas constrói a paz e a comunhão. A nossa missão passa por aqui. Frequentemos a escola de Cristo e aprendamos com diligência as suas lições.
Entremos no coração de Cristo para aprendermos a sua humildade e mansidão. É um coração sempre aberto onde cabe a humanidade inteira. Onde a dor imensa de milhões de pessoas, como acontece neste tempo de pandemia, pode encontrar alívio e repouso. Entremos para aprendermos como Ele a amar, a ter um coração aberto e rasgado para acolher a todos. “Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração”. É grande demais o coração de Deus. De que serve dobrar-nos sobre nós mesmos ou sobre as nossas próprias mágoas? Elas cabem todas no seu coração de Pai. Vinde a mim! Aprendei de mim!
Darci Vilarinho