Liturgia da solenidade do Corpo de Deus – Ano A

A Eucaristia diviniza-nos

Celebramos nesta quinta-feira a solenidade do Corpo de Deus. É uma ocasião para refletirmos sobre a importância da Eucaristia na nossa vida. Podemos fazê-lo a partir das leituras da liturgia:
Antes de mais: É o pão do nosso caminho como o foi do antigo povo da Aliança que passou por grandes tribulações antes de chegar à terra prometida, mas foi alimentado pelo maná do deserto, um pão vindo do céu, símbolo da nossa Eucaristia.
No Evangelho, Jesus fala do pão que é Ele próprio, que desceu do Céu para ser nosso alimento. Se for recebido nas devidas condições, tem consequências extraordinários prometidos por Jesus:
– Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e Eu o ressuscitarei no último dia.
– Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e Eu nele.
– Aquele que Me come viverá por Mim.  Quem comer deste pão viverá eternamente.

Que frutos produz em quem o recebe a Eucaristia, o Corpo e Sangue de Jesus?
1º – Sustenta-nos e transforma-nos em Cristo. Afirma o Papa São Leão Magno: «outra coisa não faz a participação no corpo e sangue de Cristo, do que transformar-nos naquilo que recebemos» Somos assimilados por Cristo, somos transformados em homens novos, unidos intimamente a Ele, que é a cabeça do Corpo Místico.
– “O efeito próprio da eucaristia, diz S. Tomás de Aquino, é a transformação do homem em Deus, a sua divinização”
– S. Agostinho põe estas palavras na boca de Cristo: “Eu sou o alimento dos adultos. Cresce e comer-me-ás. E não serás tu quem me converte em parte do teu corpo, como o alimento da tua carne, mas tu serás transformado em mim”.
– O Concílio Vat. II afirma: “Outra coisa não faz a participação no corpo e sangue de Cristo, do que transformar-nos naquilo que recebemos” (LG, 26). Portanto: não transformamos Jesus em nós, como acontece com o pão de cada dia, mas pela Eucaristia somos transformados n’Ele.
Se a eucaristia nos transforma em Cristo, como é que devemos comportar-nos? Como o próprio Cristo: os seus sentimentos, o seu modo de pensar, o seu modo de agir, os seus critérios deverão ser os nossos… E aqui temos diante de nós um campo imenso… É todo o Evangelho que devemos viver… É sobretudo o sermão das Bem-aventuranças (que são o retrato de Jesus…). Viver os seus ensinamentos: sobretudo o mandamento novo do amor que está profundamente ligado com a Eucaristia.

2º – A Eucaristia une entre si os cristãos (2ª leitura)… Se todos nos alimentamos do mesmo pão… fazemos parte todos do mesmo Corpo. É a eucaristia que faz a Igreja…

3º – A Eucaristia é semente, penhor de ressurreição: – Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e Eu o ressuscitarei no último dia.

4º – A Eucaristia deve transformar não só o nosso corpo físico, não só o corpo que é a Igreja, mas todo o corpo social. Se a humanidade não está em contacto direto com a Eucaristia está em contacto direto com os cristãos… Podemos ser nós a Eucaristia da sociedade… Amando os outros, damos-lhe Jesus. Deixando-nos “comer” de um certo modo pelos outros, tornamo-nos eucaristia dos outros. Comendo-nos a nós alimentam-se de Jesus…. Cada um deve aprender a dizer a própria missa na vida quotidiana.  Ser Eucaristia para os outros…

5º – A Eucaristia: o lugar privilegiado para o encontro com o Senhor.
Celebrar, adorar, contemplar: A presença de Jesus no sacrário deve constituir como que um polo de atração para um número cada vez maior de almas enamoradas d’Ele, capazes de permanecerem longamente a escutar a sua voz e, de certo modo, a sentir o palpitar do seu coração: «Saboreai e vede como é bom o Senhor!» (Sal 34/33, 9).
Para que ela produza na nossa vida frutos de comunhão e de renovação, não podem faltar as condições essenciais, sobretudo o perdão recíproco e o compromisso do amor mútuo. Segundo o ensinamento do Senhor, antes de se apresentar a oferta ao altar, exige-se a plena reconciliação fraterna (cfr. Mt 5, 23).
Além do mais, cada celebração deve ser ocasião para renovar o compromisso de dar a vida, uns pelos outros. Então para a celebração eucarística valerá verdadeiramente, de um modo eminente, a promessa de Cristo: «Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estou aí, no meio deles» (Mt 18, 20)
Bento XVI na Exortação Apostólica Sacramentum Caritatis declarou: “O sacrifício da Missa e a adoração eucarística corroboram, sustentam, desenvolvem o amor por Jesus e a sua disponibilidade para o serviço eclesial.

Darci Vilarinho