Liturgia do 5º Domingo da Páscoa – Ano A

Morar na Casa do Pai

At 6, 1-7; 1Pedro 2, 4-9; Jo 14, 1-12

“Na casa de meu Pai há muitas moradas… Vou preparar-vos um lugar”. Há quem não ligue a estas palavras de Jesus. Há quem se preocupe só com a casa em que deve morar nos poucos anos que por aqui se passam. Jesus abre os horizontes e fala-nos de uma outra casa, a casa do Pai. Pela sua morte e ressurreição abriu-nos as portas do céu e da comunhão com o Pai. E lembra-nos que ninguém chega até lá senão por meio dele, Caminho, Verdade e Vida.

Jesus mais uma vez usa imagens muito simples e concretas para nos fazer compreender algo que nos transcende. A imagem da “casa” quer significar que o paraíso é como uma família, lugar de intimidade e de amor, na qual todos são acolhidos e amados. O céu é a casa do amor imortal: um amor que nos criou e remiu, que venceu o ódio e a injustiça e que nos une a todos numa participação inefável da própria vida de Deus, que é Amor. É a nossa verdadeira casa para sempre. Quando S. Paulo nos manda procurar as coisas do alto, vivendo como ressuscitados, é para nos lembrar que não temos aqui morada permanente, mas vamos a caminho de realidades sublimes. Cristo é a chave para entender estas realidades. Por isso Pascal afirmava que “sem Cristo não se percebe quem somos e para onde vamos; não se compreende nem a vida nem a morte”.

Nada disto impede que vivamos em cheio a nossa vida terrena. O que importa é saber donde se vem e para onde se vai. O que importa é viver a minha vida em comunhão com os outros, para ter já entre nós a presença de Jesus e colocar a minha vida ao serviço dos outros, porque a casa em que habitaremos é a casa do Pai, onde há uma única lei, a lei da comunhão no amor. Quer então dizer que, se eu já aqui na terra vivo nesta comunhão com todos, se trabalho e me sacrifico pelo bem de todos, estou já a construir essa casa comum do reino dos céus. É uma casa onde mora Alguém que nos ama, que nos deseja, que tem nostalgia de nós, que não sabe imaginar-se sem nos ver reunidos à sua volta.

E o mais interessante nisto tudo é que ele mesmo nos indicou o caminho para chegar a essa casa. A estrada para o acesso a Deus é viver ao jeito de Jesus: executar os seus gestos, preferir aqueles que ele preferia, tomar as suas opções, realizar no mundo a sua missão, viver e anunciar a sua palavra, é caminho seguro para chegar até Deus. “Eu sou o caminho, a verdade e vida”. Se por vezes o teu caminho é incerto e duvidoso ou não sabes que estrada seguir, fixa o teu olhar em Jesus. Abre o Evangelho, medita e reza as suas palavras, entra em comunhão com ele e encontrarás a estrada.

É Ele o caminho seguro para a comunhão com o Pai. Daí a necessidade de conhecer Jesus. Como? Não é só com a cabeça, o estudo, as ideias. Diz-nos o Papa Francisco que é preciso passar por três portas: “1ª porta: rezar a Jesus. O estudo sem oração não serve. Rezar a Jesus para conhecê-lo melhor. Os grandes teólogos fazem teologia de joelhos. E com o estudo, com a oração, nos aproximamos um pouco…. Mas sem oração jamais conheceremos Jesus. Jamais! 2ª porta: celebrar Jesus. Não basta a oração, mas também a alegria da celebração. Celebrar Jesus nos seus Sacramentos, porque ali nos dá a vida, a força, o alimento, o conforto, a aliança e a missão. Sem a celebração dos Sacramentos, não conseguiremos conhecer Jesus. Isso é próprio da Igreja: a celebração. 3ª porta: imitar Jesus. Pegar no Evangelho, ver o que Ele fez, como era a sua vida, o que nos disse, o que nos ensinou e tentar imitá-lo”. Quem segue este caminho não se engana.

Darci Vilarinho