Liturgia da Festa da Apresentação do Senhor – Ano A

Cristo, luz e salvação da Humanidade

Ml 3, 1-4; Heb2, 14-18; Lc 2, 22-40

Na Festa da Apresentação de Jesus no Templo celebramos um mistério da vida de Cristo, ligado a um preceito da lei de Moisés que prescrevia aos pais, quarenta dias depois do nascimento do primogénito, de subir ao Templo de Jerusalém para oferecer seu filho ao Senhor e para a purificação ritual da mãe, tal como se lê no Livro do Êxodo e no Livro do Levítico.
Vendo mais em profundidade este mistério, podemos dizer que, através do gesto de Maria e de José, é Deus que apresenta o seu Filho Unigénito aos homens, mediante as palavras do velho Simeão e da profetiza Ana.
Efetivamente, Simeão proclama Jesus como “salvação” da humanidade e como “luz” de todos os povos. No Oriente, esta é a festa do encontro. Simeão e Ana reconhecem em Jesus o Messias esperado e representam a humanidade que encontra o seu Senhor na Igreja.

Quando a festa se estendeu ao Ocidente, pôs-se em relevo sobretudo o símbolo da luz. Daí a bênção das velas e a procissão, que deu origem ao termo “Candelária”, ou Festa de Nossa Senhora das Candeias (velas). É um sinal visível que quer significar que a Igreja encontra na fé Aquele que é a “luz dos homens” e acolhe-O com toda a sua fé para levar esta luz ao mundo. É pois uma festa com carácter missionário: Jesus apresentado como LUZ e SALVAÇÃO de todos os povos. É importante não ficar na bênção das velas, como um gesto mágico, mas ir mais além: com Jesus somos chamados a ser LUZ para todos os povos necessitados de salvação.

Foi a partir de 1997 que João Paulo II quis que esta festa litúrgica fosse em toda a Igreja um dia especial para a Vida Consagrada. De facto, a oblação do Filho de Deus – simbolizada pela sua apresentação no Templo – é modelo para todo o homem e mulher que consagram toda a sua vida ao Senhor. Este Dia da Vida Consagrada tem três finalidades: louvar e agradecer ao Senhor pelo dom da vida consagrada, promover o conhecimento e a estima pela Vida Consagrada por parte de todo o Povo de Deus e convidar os que dedicaram plenamente a própria vida à causa do Evangelho a celebrar as maravilhas que o Senhor realizou neles. Em todas as dioceses do mundo, os consagrados reúnem-se à volta dos seus bispos em atitude de celebração e agradecimento ao Senhor.

Diz Bento XVI, citando a exortação apostólica sobre a Vida Consagrada que “se ela não existisse, o mundo seria mais pobre! Além das superficiais avaliações de funcionalidade, a vida consagrada é importante por causa de seu ser sinal de gratuidade e de amor, e isso tanto mais numa sociedade que corre o risco de ser sufocada pela espiral do efémero e pelo útil.” E acrescenta o Papa emérito: “As pessoas consagradas experimentam a graça, a misericórdia e o perdão de Deus não somente para si, mas também para os irmãos, sendo chamados a levar no coração e na oração as angústias e as expectativas dos homens, sobretudo daqueles que estão longe de Deus”.

Neste dia, todos os fiéis são chamados a renovar o gesto de oferta de si mesmos pelas mãos de Maria, a Virgem, pobre e obediente, toda dedicada aos homens seus irmãos, porque é toda de Deus. E que todos, na escola de Maria e com a sua materna ajuda, possam ser a luz do mundo e o sal da terra, como o seu filho Jesus mais tarde pedirá.

Darci Vilarinho