Liturgia do 20º Domingo Comum – Ano C

Um fogo purificador

Sab 18, 6-9; Heb 11, 1-19; Luc 12, 49-53

“Eu vim trazer o fogo à terra, e como gostaria que ele se ateasse”.
Jesus veio à terra para acender o fogo nos nossos corações. É Ele que nos faz ateadores do seu fogo divino no mundo e faz com que ardemos de zelo pela salvação da humanidade. Deus é fogo que arde. Fogo que não se ateie, acaba por morrer.

O símbolo do fogo, posto na boca de Jesus, diz-nos que Ele veio revelar aos homens a santidade de Deus; a sua proposta destina-se a destruir o egoísmo, a injustiça, a opressão que desfeiam o mundo, a fim de que surja, das cinzas desse mundo velho, o mundo novo do amor, da partilha, da fraternidade, da justiça. Como é que isso vai acontecer? Através da Palavra e da ação de Jesus, certamente, mas especialmente através do seu Espírito que o Evangelista Lucas apresenta com a imagem das línguas de fogo.
Uma pergunta: O “fogo” que Jesus veio atear – fogo purificador e transformador – já atingiu o meu coração e já transformou a minha vida? Animado pelo Espírito de Jesus ressuscitado, eu já renunciei, de verdade, à vida de egoísmo, de fechamento em mim próprio, de comodismo, para fazer da minha vida um compromisso com o “Reino”, se necessário até ao dom da vida?

Quem não arde por dentro não pode ser missionário”, dizia o fundador dos Missionários da Consolata, beato José Allamano. E com razão. Precisamos de arder por dentro, deixando que o Espírito de Deus nos purifique, reduza a cinzas o nosso pecado e nos torne zelosos anunciadores do seu Reino. A vela da nossa fé recebida no batismo tem que se alimentar continuamente no fogo de Deus para que as contrariedades da vida não sufoquem essa chama ardente.

Darci Vilarinho