“O missionário não desenvolve a sua espiritualidade se não conseguir missionar”, foi uma das ideias deixadas pelo padre Ermanno Savarino à Assembleia Regional dos Missionários da Consolata (IMC), que estiveram reunidos em Fátima nesta segunda e terça-feira, dias 10 e 11 de setembro, afim de lançar o novo ano pastoral e missionário.
A reflexão deste missionário da Consolata italiano, formador e reitor do Centro Apostólico Formativo (CAF) do Cacém, esteve centrada na carta “Santos na Missão Ad Gentes” que a Direção Geral do IMC escreveu aos padres jovens do Instituto. “Esta carta é dirigida aos que são jovens, mas também aos que acumularam juventude”, ou seja, é “para todos”, frisou o ponente, com humor.
Savarino desenvolveu temas como ‘A mútua relação entre santidade e missão’ a ‘Dimensão comunitária da santidade’ e ‘O novo criado pelo Espirito’. Uma das ideias chave incidiu no binómio liturgia como mero ritual e liturgia como expressão de vida. “Não basta às comunidades celebrar a liturgia, é preciso que saibam construir liturgias de vida”, sublinhou, chamando assim a atenção dos missionários e das comunidades para a importância da comunicação, da empatia, do gastar tempo com o outro.
Despedida do padre Thomas Mushi
A manhã do primeiro dia terminou com a despedida do padre Thomas Mushi, que depois de cinco anos em Portugal recebeu uma nova destinação por parte da Direção Geral para prosseguir estudos académicos em Roma, Itália, com vista a um novo serviço ao Instituto e à missão.
Tanzaniano, o padre Thomas chegou a Portugal em 2013 ainda como seminarista em estágio pastoral (ano de serviço). Por cá fez a profissão perpétua e o diaconado (2014), voltou ao seu país natal para a ordenação sacerdotal (2015); voltando de seguida a terras lusitanas, continuou a residir e a fazer missão a partir da comunidade IMC de Águas Santas.
Na homilia da missa a que presidiu, ao final da manhã desta segunda-feira, dia 10, e dirigindo-se aos colegas padres e irmãos da Consolata, começou por agradecer a oportunidade e a graça de ter trabalhado em Portugal que, confessou, “foi o meu primeiro amor. Levo-o no coração”. País onde deseja voltar, porque “esta é também a minha casa”, disse, com indisfarçável emoção. Aos presentes, partilhou ainda a sua experiência de vida em comunidade, dizendo que descobriu que “a vida comunitária é voarmos juntos, mas não amarrados”.
O padre Thomas parte nesta quarta-feira, 12 de setembro, para Roma.
Reflexão e programação
Na tarde do primeiro de trabalhos, a Assembleia dividiu-se em três grupos, representando três áreas de atividade: o grupo da pastoral, o grupo dos superiores e ecónomos, e o grupo da Animação Missionária e Vocacional, ao qual se juntou o da Comunicação. Debateram sobre os aspetos mais débeis e mais fortes de cada área, à luz da reflexão feita durante a manhã. Do debate deveriam sair também datas concretas de programação.
Após a apresentação dos grupos, em plenário, o superior regional tomou a palavra para frisar a importância da comunidade, como tal, e do trabalho conjunto. Este ano que agora começa “vamos entrar na nova Região Europa”, o que constitui para todos “um enorme desafio”, disse, sublinhando a importância de tudo isto acontecer no ano em que celebramos os 75 anos da presença IMC em Portugal, e do ano em que vamos ter o mês missionário extraordinário (outubro de 2019). É importante perceber que “temos a dimensão espiritual, mas também a dimensão apostólica”, prosseguiu, acrescentando que devemos ter metas “bem claras e programadas”, procurando “chegar ao concreto” e “fazendo bem todas as coisas”, concluiu.
Antes de terminar o dia, o padre José Barros partilhou a sua experiência como capelão do Hospital Amadora-Sintra, na linha da evangelização da dor e do sofrimento, a partir do carisma e espiritualidade dos Missionários da Consolata. Sublinhou a importância da formação e acompanhamento das muitas dezenas de voluntários que ali trabalham. Em ambiente hospitalar, desabafou, “há uma fome tremenda dos valores espirituais”.
“Partir do altar para a vida”
A manhã do segundo dia começou com a missa presidida pelo padre Eugénio Butti, que centrou a reflexão na importância da eucaristia na vida do missionário da Consolata. “Podemos até fazer muitas coisas, mas temos que fazer tudo a partir do altar, a partir da Eucaristia, a partir do Cristo que se entregou por amor”. “Sem isso”, tudo o resto “perde sentido”, advertiu.
O resto da manhã ficou preenchia com a apresentação de informações relevantes por parte da Animação Missionária e Vocacional, do Secretariado para a Missão, das experiências missionárias de verão, como foi o Caminho de Santiago (Região Europa) e o Voluntariado Missionário da Consolata, cujos grupos partiram para cinco países, número mais alto de sempre. Houve tempo ainda para uma apresentação geral das contas da Região, Setores e Comunidades, por parte da Administração Regional.
Antes do fim dos trabalhos da Assembleia e da partilha de algumas informações de interesse geral por parte do superior provincial, foram apresentados alguns aspetos da área da Comunicação (revista Fátima Missionária, sites, redes sociais, boletim Encontro) na Região, colocando-se o acento naquilo que precisa ser recriado, melhorado, transformado.
Albino Brás