Gen 3, 9-15; 2 Cor 4, 13-5, 1; Mc 3, 20-35
A narração do Evangelho deste domingo começa com um episódio habitual: Jesus está em Cafarnaum e é rodeado pela uma multidão de pessoas, que acorrem para o ouvir. Era tanta a gente para atender “que nem sequer tinham tempo para comer”, diz São Marcos. A dedicação de Jesus é incansável e revela um grande amor pelas pessoas de quem se sente pastor. Sente a urgência de ensinar e de indicar o caminho para o Pai.
Os parentes de Jesus interpretam esta sua dedicação como uma loucura. “Quando souberam disso, os parentes de Jesus saíram para agarrá-lo, porque diziam que estava fora de si”, isto é, diziam que estava louco. Não perceberam que Jesus tinha uma missão e que todo seu empenho era pouco para trazer ao seu povo o alívio das suas enfermidades e manifestar o amor misericordioso de Deus.
Por outro lado, Jesus não despertava o mesmo interesse e entusiasmo entre os escribas, os conhecedores da Lei, que se mostravam incrédulos e perversos. Sem poder negar o entusiasmo do povo, não querendo reconhecer em Jesus o Messias, atribuem o Seu poder à influência de Belzebu, príncipe dos demónios. Mas Jesus reage a esta insinuação: “Se satanás se levanta contra si mesmo e se divide, não poderá sobreviver, está perdido”. Jesus coloca as coisas no seu lugar e diz que atribuir as suas ações ao poder do demónio é um pecado, uma blasfémia contra o Espírito Santo, que não será perdoada.: “Tudo será perdoado aos filhos dos homens: os pecados e blasfémias que tiver proferido; mas quem blasfemar contra o Espírito Santo, nunca terá perdão”. Quer dizer: “A misericórdia de Deus não tem limites, mas quem se recusa deliberadamente a acolher a misericórdia de Deus pelo arrependimento rejeita o perdão dos seus pecados e a salvação oferecida pelo Espírito Santo. Semelhante endurecimento pode levar à impenitência final e à perdição eterna” (Cat. 1864). No fundo, o pecado contra o Espírito Santo é um endurecimento interior, um fechamento do coração aos planos de Deus, que não permite que a pessoa se arrependa dos próprios pecados. E sem arrependimento não há perdão!
Outro ponto importante do Evangelho que contrasta com esta situação é o encontro de Maria e sua família com Jesus. Alguns entendem que é um desprezo de Jesus para com a sua Mãe. Mas não é assim. É pelo contrário o maior elogio à sua Mãe. Ao anunciar a presença de sua Mãe, Jesus diz, olhando para a sua Mãe: “Quem é minha mãe, e quem são meus irmãos?”. Isto é: Quem é igual à minha Mãe? “E olhando para os que estavam sentados ao seu redor, disse: Aqui estão minha mãe e meus irmãos. Quem faz a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe”. Somente quem faz a vontade de Deus é igual à minha Mãe, e portanto vocês serão “ minha Mãe, meus irmãos e minhas irmãs”, se fizerem como Ela.
Maria será sempre o modelo perfeito ao qual temos que olhar seguindo os seus passos para fazermos como ela a vontade de Deus. Jesus ensina que não são os laços de sangue que nos abrem à compreensão e comunhão profunda com o Filho de Deus e nos fazem pertencer à sua família que é a Igreja. O que é determinante pata sermos discípulos de Jesus é obedecer á sua Palavra, porque só Ela nos leva á comunhão com Ele e com o Pai. Ao contrário dos nossos primeiros pais (Gen 3) que escutaram o diabo e perderam a comunhão com Deus, nós se escutáramos a Deus, seremos seus. Estaremos em comunhão com Deus, seremos divinizados. A palava diviniza-nos.
Neste contexto, a verdadeira devoção a Maria consiste em acolher o seu convite nas bodas de Caná: “Fazei tudo o que Ele, Jesus, vos disser” (Jo 2,5).
Que Maria Mãe de Jesus e nossa Mãe nos ajude a fazer sempre a vontade de Deus, tal como ela fez.
Darci Vilarinho