Lev 19, 1-2.17-18; 1 Cor 3, 16-23; Mt 5, 38-48
“Sede santos, porque Eu, vosso Deus, sou santo!” É assim que Deus fala ao povo que escolheu para sua herança. E é também a proposta que Jesus nos faz no Evangelho deste Domingo: “Sede perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito”. Será possível? Se não fosse possível, Jesus não o teria pedido. A enorme fileira de santos que a Igreja venera e propõe aos seus fiéis é a confirmação de que isso é possível. Ou melhor, é aquilo que Deus mais deseja para os seus filhos. É uma santidade que passa pelo amor de Deus e pelo amor concreto a cada irmão. “Amai os vossos inimigos e orai por aqueles que vos perseguem, para serdes filhos do vosso Pai que está nos Céus; pois Ele faz nascer o sol sobre bons e maus e chover sobre justos e injustos”.
É uma verdadeira novidade o que Jesus nos pede. Para Ele, não basta amar aquele que está próximo ou aquele a quem me sinto ligado por laços sociais, familiares ou religiosos. O amor cristão é um amor missionário, tem a marca da universalidade. Deve atingir a todos, sem exceção, inclusive os inimigos. Para Jesus não há discriminação. Ficam abatidas todas as barreiras que separam os homens. A razão é porque Deus é um Pai que faz brilhar o sol e envia a chuva sobre bons e maus, que oferece o seu amor a todos, inclusive aos indignos. “Ser filho de Deus” significa possuir este amor e esforçar-se todos os dias por agir como Deus agiria. “Sede perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito” ou como se diz na 1ª leitura, “sede santos porque Eu, o vosso Deus, sou santo”.
Celebrámos na semana passada a festa de um sacerdote cuja santidade já foi reconhecida pela Igreja: o Beato José Allamano, Fundador dos Missionários e das Missionárias da Consolata. Eis o que ele pedia aos seus filhos e através deles a todos nós: “No caminho da nossa santificação, a primeira atitude é o desejo, a vontade plena, enérgica e constante de ser santo. As vontades raquíticas, as meias vontades nunca conseguirão fazer nada, nem um só passo darão no caminho da perfeição. Os preguiçosos na vida espiritual, esses é que ficam a baloiçar entre o querer e o não querer. O preguiçoso quer, e depois já não quer. Hoje sim, amanhã não. Confundem a vontade com o capricho. Não se negam à santidade, mas com a condição de que não custe sacrifícios”.
E dizia mais: “A santidade que eu quero em vós não é uma santidade que faz milagres, mas a santidade de quem faz tudo bem, a santidade das coisas ordinárias da nossa vida. Ser extraordinários na vida ordinária”. E é isso que faz as pessoas felizes: “Quem se entrega totalmente ao Senhor possui o bem-estar e a felicidade já mesmo aqui na terra.”
Tal como o beato José Allamano, também eu sou chamado a dar testemunho da vida de Deus diante de todos os meus irmãos e a ser um sinal vivo de Deus, do seu amor, da sua perfeição, da sua santidade, no mundo. “Sede perfeitos como o Pai do Céu”.
Darci Vilarinho