3º Domingo de Advento – Ano A

11 de dezembro 2022
Is 35, 1-10; Tiago 5, 7-10; Mat 11, 2-11

 

Semear alegria
1. “Alegrem-se o deserto e o descampado, rejubile e floresça a terra árida, cubra-se de flores como o narciso, exulte com brados de alegria”. São expressões poéticas cheias de esperança e de alegria do profeta Isaías, na liturgia deste Domingo. A proximidade do Natal convida-nos a exultar, porque Deus se faz próximo de cada pessoa desta nossa da nossa tão atormentada humanidade. As guerras e todo o género de violência que nos afligem nestes tempos são o contrário de tudo isto.

 

2. Por outro lado, Jesus apresenta-se no Evangelho como aquele que cumpre as obras que dão aos necessitados alegria de viver. “Ide contar a João o que vedes e ouvis: os cegos veem, os coxos andam, os leprosos são curados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e a boa nova é anunciada aos pobres”. São os sinais da presença salvadora do nosso Deus. Estes “sinais” que Jesus realizou enquanto esteve entre nós devem agora ser realizados pelos seus discípulos que continuam no mundo, em seu nome, a ação libertadora de Deus. Há muitos que continuam “cegos”, porque não veem os sinais de Deus. Há outros que não têm ouvidos para escutar a sua Palavra. Há outros ainda que vivem paralisados nas enxergas da nossa sociedade. Será que encontram em nós um sinal vivo do Cristo libertador que lhes traz a salvação? Ou uma Palavra viva que os desperte para a comunhão e para o amor?

 

3. O Papa Francisco na Evangelii Gaudium convida-nos a ler o Evangelho, com os olhos da alegria: “Apenas alguns exemplos: «Alegra-te» é a saudação do anjo a Maria (Lc 1, 28). A visita de Maria a Isabel faz com que João salte de alegria no ventre de sua mãe (cf. Lc 1, 41). No seu cântico, Maria proclama: «O meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador» (Lc 1, 47). E, quando Jesus começa o seu ministério, João exclama: «Esta é a minha alegria! E tornou-se completa!» (Jo 3, 29). O próprio Jesus «estremeceu de alegria sob a acção do Espírito Santo» (Lc 10, 21). A sua mensagem é fonte de alegria: «Manifestei-vos estas coisas, para que esteja em vós a minha alegria, e a vossa alegria seja completa» (Jo 15, 11). A nossa alegria cristã brota da fonte do seu coração transbordante. Ele promete aos seus discípulos: «Vós haveis de estar tristes, mas a vossa tristeza há-de converter-se em alegria» (Jo 16, 20). Porque não havemos de entrar, também nós, nesta torrente de alegria?” (EG, 5).

 

4. É nossa missão semear alegria: dar confiança, esperança e alegria ao nosso mundo. Um coração apostólico tem que ser um coração alegre. Se irradio alegria, prego sem pregar lá onde o Senhor me colocou. Não falarei eu, mas falarão as boas obras feitas com alegria para que o Pai seja glorificado. Disse alguém entendido nestas coisas: “Semeia a alegria no coração do teu irmão e vê-la-ás florir no teu”. É tão verdade que até Gandhi o admitiu: “o amor não precisa de ser narrado: deve ser vivido na alegria e então espalha-se por si mesmo”. Conta para o nosso Deus tudo o que fizermos pelos outros com alegria e com o intuito de os tornarmos felizes já nesta terra.
Nesta quadra natalícia podemos semear grãos de esperança e de alegria. O nosso sorriso, as nossas energias, a nossa coragem, o nosso entusiasmo serão as sementes do reino de Deus que todos podemos espalhar e que Ele espera de nós para que nesta terra nasça mais esperança e mais confiança. Quantos gestos de partilha podemos fazer com os outros para que Deus seja fonte de verdadeira alegria no nosso coração e no coração de quem nos fazemos próximos!

 

Darci Vilarinho